A IMPORTANCIA DA CUECA

Há quem não use, alegando a necessidade de liberdade. Mas pode-se dizer que a cueca é tão antiga quanto a própria vergonha. Modelos, tamanhos e cores diferentes, o fato é que a cueca tem sido usada há décadas para “cobrir o que não está para ser visto”, além é claro, dos aspectos estéticos e higiênicos intrinsicamente ligados ao seu uso.

Tenho uma amiga que é muito observadora no que concerne aos homens. Uma vez ela falou que notou algo diferente sobre o uso da cueca entre gays e héteros. Disse que os gays estão sempre com cuecas bonitas e, se não bonitas, ao menos exóticas. Calvin Klein, Gucci, Prada, Armani, cuecas tipo “boxer”, sempre impecáveis. Há aqueles que optam pelos modelos “selvagens: oncinhas, tigresas; outros preferem os adereços plásticos, espaciais, com apliques. Por outro lado, segundo ela,os héteros em geral apresentam dois tipos de cuecas: a “cueca de todo-dia” e a de “sair”. A day-by-day é surrada, estilo Zorba antiga ou comprada na feira pela mamãe. A cueca “out” ou “de sábado”é um pouco mais elaborada, geralmente “boxer” de alguma griffe masculina mais requintada ou de safras especiais da Mash ou até Zorba. Minha amiga falou que percebeu isso ao sair com um moço num dia “não-programado”, evidenciando a falta de uma cueca digna. E olha que isso é algo importante para as mulheres…

Mas algumas coisas me intrigam sobre o uso contemporâneo da cueca. Existe, na minha opinião, uma perversão do seu uso original que,na minha opinião, seria esconder as “partes” e protegê-las, do ponto de vista higiênico. Entretanto, a cueca tem sido usada para esconder outras coisas que não as “partes” em si. Os políticos têm usado a cueca para esconder dólares. Realmente vergonhoso. Mas não é exatamente sobre os dólares que resolvi falar.

Me intriga muito o uso “desviado” da cueca por alguns homens: usá-la para prender a camisa. E não há distinção de raça, credo, posição social e orientação sexual. Tenho reparado a enorme quantidade de homens no vestiário da academia que prendem suas camisas por dentro da cueca. Pode ser que isso fornceça a garantia de uma camisa “lisinha” o dia todo em seus escritórios, evitando aquele amarrotamento habitual. Mas não consigo imaginar uma pessoa passar, em média, 12 horas trabalhando, suando, indo ao banheiro e privar a cueca de função higiênica , passando-a à camisa.

É claro que isso não é um problema meu. Sobretudo porque eu sei para que serve a minha cueca, bem como a minha camisa. Sei que posso, no final do dia, tirar para fora da calça a minha camisa , sem culpa, sem medo, sem odores…. Minha camisa poderá estar suada, “sujinha” após um dia todo de uso, mas não estará com cheiro de cueca usada. Mas acharia muito legal se as pessoas pensassem sobre isso: muitas vezes aparentamos uma boa imagem, mas ocultamos algumas coisas “dentro da cueca”. Vejam que não foi apenas o Dirceu. O homem brasileiro faz.