BEEFCAKE: PEDAÇOS DE CARNE SEM ALMA.
“Carne Fresca” é o nome em português dado
ao filmezinho ridículo de 1998 que conta a história de Bob Mizer, um fotógrafo
e cineasta americano que na década de 50
conduziu um estúdio foto-cinematográfico de arte homoerótica e também
acusado de aliciamento e favorecimento de prostituição masculina.
Beefcake é, entre outras coisas, o nome que
se dava aos corpos sarados que hoje em dia chamamos de “Barbies” e assim eram
chamados os “modelos” de Mizer. Embora essa gíria tenha aparentemente ficado
para trás, ela deixou diversos herdeiros. Chamamos pejorativamente de
“açougues” os lugares onde se vai à caça sexual de elementos masculinos;
falamos de “abatedouros” os locais onde as “caças” são “comidas” ou “feitas”;
até mesmo os aplicativos cibernéticos de “caça” herdaram o potencial
antropofágico de “beefcake”: temos o moedor de carnes gays, o “grindr” e o
triturador de pererecas, o “blendr”. Isso não é privilégio dos gays: homens,
mulheres, travestis, transexuais, ou comem ou são comidos.
“Ele é apenas um pedaço de carne”, disse um
amigo, referindo-se a um “peguete” que lhe cobrou atenção e respeito para além
da postura que sempre mantivera: a de um objeto sexual dado a encontros
sexuais. É quase a mesma coisa que querer comer acém com sal de trufas ou tomar
champagne com miojo. Acém e miojo podem ser ótimos para matar a fome, mas são
apenas acém e miojo.
Mas não é só no sexo que as pessoas se
tratam como peças de picanha na vitrine do açougue. Ver, ser visto e enfim, ser
admirado perante os demais, exibindo-se como carnes tenras penduradas em
ganchos inoxidáveis é um fenômeno que existe desde antes dos mercados persas,
mas que toma um vigor inenarrável na nossa atual sociedade de consumo. Hoje,
mais do que nunca, portamo-nos como itens expostos em vitrines. Somos, enquanto
sociedade, carnes putrefatas “enfriboizadas” de venenos conservantes e
narcotizantes, espelhadores de pretensas belezas, tantas vezes faltosas,
perdidas.
E por falar em carne podre, o que são as
poses cadavéricas das divas globais, artisticamente despejando seu pretenso
luto sobre as questões políticas nacionais? Tudo bem, “ça va, ça va”, todo
mundo pode protestar. Mas Suzana Vieira, a espancadora de amantes da novela das
oito, a barraqueira ex-mulher do policial cheirador morto, fazendo cara de pum
fedido no close para o luto pelo país? Junto dela, Carol Castro e Bárbara Paz, a
força jovem das ativistas políticas globais, bastante acostumadas a depoimentos
bastante politizados nos programas super políticos do GNT, como GNT-Fashion,
Super Bonita e Alternativa Saúde, entre outros arautos da vida super politizada
do país.
Mas fortalecedor e regozijante é ver as
matusamusas da democracia, presença marcante no cenário político do país, de
luto pela corrupção, cheirando o pum da Suzana Vieira. Rosamaria Murtinho, que
interpretou importantíssimos papéis políticos, como Romana Ferreto com seu gigolô (gostosíssimo, por sinal) em
“A próxima vitima” ou a Princesa Isabel em “Chica da Silva” ou Mirelle Darrieux
em “Guerra dos Sexos” e Nathalia Timberg, chiquérrima, como a politicamente
correta Celina Junqueira, tia da Heleninha bêbada em “Vale Tudo”, ou como Irmã
Dulce em “Caso Verdade” ou Constância Eugênia em “O Dono do Mundo”.
Pra quem precisar de legendas, esclareço
que estou fazendo ironia com as atrizes. É bem provável que a Globo, com essa
foto ridícula que deu origem à série, continue postando foto de outros
ativistas políticos, como o Faustão, a Xuxa e a Simone. Por favor, fortaleçam
minha participação politica: não poderei acreditar num país melhor enquanto não
posarem de luto o Malvino Salvador, Henri Castelli e o elenco masculino JOVEM
da Malhação.
Também é importante esclarecer que,
obviamente, é uma grande e GLOBAL forma de participação política. Daquelas
antigas, tipo Voto do Cabresto ou mesmo das coisas do tempo da escravidão,
quando os senhores de engenho adornavam com ouros e pedras as suas escravas, a
desfilarem pelas ruas dos vilarejos coloniais em demonstração de riqueza e
poderio. As beldades globais exibem suas coleiras, como o fez Luma de Oliveira
no Carnaval de 2005. Um amigo chamou as beldades frequentadoras do Le Vin de “Coxinhas
Rivoltradas” e achei perfeito. Nada mais coxinha que fazer cara de peido ao
lado da Suzana Vieira, que tem bem a cara de quem usa bolsas da Carmen Stephens
(Tem coisa mais ridícula e coxinha do que pagar 2 mil reais uma bolsa com esse
nome? ). Haja Rivotril.