Blog do Doutor Fofinho

"Tudo começou há algum tempo atrás na Ilha do Sol..." Há muitos anos eu montei esse blog, dando o nome "Le Cul du Tabou", inspirado por uma amiga, para falar sobre o tabu das coisas. Ganhei muitos seguidores, mas desde 2018 não escrevi mais nele. Estou retomando, agora com novo nome, o "Blog do Doutor Fofinho", muito mais a minha cara, minha identidade. Sejam bem vindos.

Thursday, September 19, 2013

BEEFCAKE: PEDAÇOS DE CARNE SEM ALMA.



“Carne Fresca” é o nome em português dado ao filmezinho ridículo de 1998 que conta a história de Bob Mizer, um fotógrafo e cineasta americano que na década de 50  conduziu um estúdio foto-cinematográfico de arte homoerótica e também acusado de aliciamento e favorecimento de prostituição masculina.

Beefcake é, entre outras coisas, o nome que se dava aos corpos sarados que hoje em dia chamamos de “Barbies” e assim eram chamados os “modelos” de Mizer. Embora essa gíria tenha aparentemente ficado para trás, ela deixou diversos herdeiros. Chamamos pejorativamente de “açougues” os lugares onde se vai à caça sexual de elementos masculinos; falamos de “abatedouros” os locais onde as “caças” são “comidas” ou “feitas”; até mesmo os aplicativos cibernéticos de “caça” herdaram o potencial antropofágico de “beefcake”: temos o moedor de carnes gays, o “grindr” e o triturador de pererecas, o “blendr”. Isso não é privilégio dos gays: homens, mulheres, travestis, transexuais, ou comem ou são comidos.

“Ele é apenas um pedaço de carne”, disse um amigo, referindo-se a um “peguete” que lhe cobrou atenção e respeito para além da postura que sempre mantivera: a de um objeto sexual dado a encontros sexuais. É quase a mesma coisa que querer comer acém com sal de trufas ou tomar champagne com miojo. Acém e miojo podem ser ótimos para matar a fome, mas são apenas acém e miojo.

Mas não é só no sexo que as pessoas se tratam como peças de picanha na vitrine do açougue. Ver, ser visto e enfim, ser admirado perante os demais, exibindo-se como carnes tenras penduradas em ganchos inoxidáveis é um fenômeno que existe desde antes dos mercados persas, mas que toma um vigor inenarrável na nossa atual sociedade de consumo. Hoje, mais do que nunca, portamo-nos como itens expostos em vitrines. Somos, enquanto sociedade, carnes putrefatas “enfriboizadas” de venenos conservantes e narcotizantes, espelhadores de pretensas belezas, tantas vezes faltosas, perdidas.

E por falar em carne podre, o que são as poses cadavéricas das divas globais, artisticamente despejando seu pretenso luto sobre as questões políticas nacionais? Tudo bem, “ça va, ça va”, todo mundo pode protestar. Mas Suzana Vieira, a espancadora de amantes da novela das oito, a barraqueira ex-mulher do policial cheirador morto, fazendo cara de pum fedido no close para o luto pelo país? Junto dela, Carol Castro e Bárbara Paz, a força jovem das ativistas políticas globais, bastante acostumadas a depoimentos bastante politizados nos programas super políticos do GNT, como GNT-Fashion, Super Bonita e Alternativa Saúde, entre outros arautos da vida super politizada do país.

Mas fortalecedor e regozijante é ver as matusamusas da democracia, presença marcante no cenário político do país, de luto pela corrupção, cheirando o pum da Suzana Vieira. Rosamaria Murtinho, que interpretou importantíssimos papéis políticos, como  Romana Ferreto com seu gigolô (gostosíssimo, por sinal) em “A próxima vitima” ou a Princesa Isabel em “Chica da Silva” ou Mirelle Darrieux em “Guerra dos Sexos” e Nathalia Timberg, chiquérrima, como a politicamente correta Celina Junqueira, tia da Heleninha bêbada em “Vale Tudo”, ou como Irmã Dulce em “Caso Verdade” ou Constância Eugênia em “O Dono do Mundo”.

Pra quem precisar de legendas, esclareço que estou fazendo ironia com as atrizes. É bem provável que a Globo, com essa foto ridícula que deu origem à série, continue postando foto de outros ativistas políticos, como o Faustão, a Xuxa e a Simone. Por favor, fortaleçam minha participação politica: não poderei acreditar num país melhor enquanto não posarem de luto o Malvino Salvador, Henri Castelli e o elenco masculino JOVEM da Malhação.

Também é importante esclarecer que, obviamente, é uma grande e GLOBAL forma de participação política. Daquelas antigas, tipo Voto do Cabresto ou mesmo das coisas do tempo da escravidão, quando os senhores de engenho adornavam com ouros e pedras as suas escravas, a desfilarem pelas ruas dos vilarejos coloniais em demonstração de riqueza e poderio. As beldades globais exibem suas coleiras, como o fez Luma de Oliveira no Carnaval de 2005. Um amigo chamou as beldades frequentadoras do Le Vin de “Coxinhas Rivoltradas” e achei perfeito. Nada mais coxinha que fazer cara de peido ao lado da Suzana Vieira, que tem bem a cara de quem usa bolsas da Carmen Stephens (Tem coisa mais ridícula e coxinha do que pagar 2 mil reais uma bolsa com esse nome? ). Haja Rivotril.