A ENRUSTIDA FÁBRICA DE CHOCOLATE


A ENRUSTIDA FÁBRICA DE CHOCOLATE
( Com devidos agradecimentos e reconhecimentos inspiratórios à minha partner, Dra Dezinha)
Era uma vez um filme maravilhoso que inspirou zilhões de crianças nascidas após 1971: “A fantástica fábrica de chocolate” (Willy Wonka and the Chocolate Factory). Perdi a conta de quantas Sessões da Tarde, principalmente no Dia das Crianças esperei ansioso para assistir esse filme que me transportava para o maravilhoso mundo da fantasia e, é claro, da abundância do chocolate.
Acho que fazia mais de vinte anos quando assisti pela última vez este filme. Não que não sentisse falta, mas o tempo vai passando e as pressões do mundo adulto vão chovendo sobre nós e acaba que esquecemos de nutrir essa criança que não more nunca, fica apenas escondida dentro de nós.
Creio que estamos numa fase de ausência de genialidade. Os gênios não existem mais ou, se existem, estão escondidos com vergonha das bobagens do mundo. Nos filmes, nas novelas, nos teatros, na moda... não vejo ninguém mais criar nada e tudo que aparece é uma reedição, uma reinvenção, uma cópia genial que surgiu no passado.
Especificamente fiquei espantado com três grandes “reinvenções” recentes: há alguns anos atrás assisti um filme italiano belíssimo, chamado “O último beijo”. Fiquei surpreso e desapontado que nesse ano ele foi convertido em comediazinha romântica americana, com o nome “Last kiss” e com o roubo de toda a poesia que embalava o original italiano.
Outro dia estava vendo um lançamento (uau!!!): “O primo Basílio” no cinema... Que merda! Uma modernização precária do romance e Eça de Queirós que já contava com uma brilhante produção em forma de minissérie em 1988 pela Rede Globo. Sem querer ater-me aos detalhes, imagine trocar o brilhantismo de Marília Pêra pelo “jargonismo televisivo” de Glória Pires...
E o pior... Em 2005, a Warner refilmou “A Fantástica fábrica de chocolate”, substituindo Gene Wilder por Johnny Deep no papel de Willy Wonka. Nada contra Johnny Deep, mas, ao assistir o filme, não tive nada além de uma enorme decepção pela deterioração da história original.
No primeiro filme, o Willy de Wilder era um sonhador, um idealista que tinha a esperança que aquelas crianças escolhidas tivessem pureza em suas almas. A viagem pela fábrica de chocolate era uma forma de despertar essa pureza que se encontrava adormecida em muitas delas.
O Willy de Deep é um ser bizarro em crise de identidade. Cheio de afetações e caprichos, denota um sadismo a cada evento, cujos “flashbacks” da sua tórrida infância não amenizam sua frieza e não fizeram com que empatizasse com sua personalidade frágil e instável.
Além da deturpação do personagem, porque os “Willys” dos filmes são cabalmente díspares, fazendo com que configurem histórias completamente diferentes, o Willy de Deep fez lembrar um ícone tão bizarro e doente quanto ele, mas que existe na vida real: pensem nisso!
Pensem na estética bizarra, na palidez mortuária, nas torturas alegadas da infância....
Pensem no modo de viver, isolado numa fábrica de chocolate, que mais lembra um.... parque de diversões...
E agora reflitam nessa relação sádica com as crianças...
Quem, macacos me mordam, pode ser tão bizarramente semelhante ao personagem Willy Wonka!
Ladies and Gentlemen: Sir Michael Jackson!!!!
Será que Tim Burton pensou nisso ao fazer o filme? Por que como é que poderíamos fazer um filme falando de toda a imbecilidade decadente de Mr. Jackson antes de sua esperada morte sem usar metáforas, como o Mr. Jefferson de South Park? (“The Jeffersons”, Episódio 117). Ou será que ele não pensou nisso?
1 Comments:
Foi rápido, hein? Achei que veria só após o plantão..rsrsrs...
ótimo!
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