TIA LOLÓ

Estou aqui, na casa de uma amiga, fingindo que estou assistindo o jogo da Copa. Detesto futebol e detesto a confusão que a Copa ocasiona em nosso cotidiano. Ninguém trabalha, ninguém quer trabalhar, ninguém paga as contas. Trânsito para ir a qualquer lugar. Enlouquecimentos, acidentes de carro, brigas e crimes passionais. O futebol movimenta dinheiro e também prejuízo.
Mas o futebol me fez lembrar as pessoas que batem ou bateram “muita bola” em suas vidas. Meu avô foi um cara que bateu muita bola. Era um homem bonito, loiro, alto, elegante. Teve uma família oficial com seis filhos, uma família paralela com cinco filhos e mais uma paralela não-revelada com sei lá quantos filhos mais. Além disso, ele, seus irmãos e um sobrinho tinham um apartamento alugado na Avenida Nove de Julho, no qual cada um tinha seu dia de levar suas concubinas e, caso sobrasse um dia, repartiam no sorteio. Também tinha umas amantes espalhadas pela cidade e por várias cidades. Lembro que, quando eu tinha cinco anos, ele me levou para fazer uma viagem ao Rio de Janeiro. Faz muito pouco tempo que recordei o propósito verdadeiro da sua viagem: comer a irmã do seu motorista. Lembro que fiquei horas esperando do lado de fora da casa, brincando na rua com o motorista dele, enquanto ele furunfava na casa... E mesmo com esse monte de famílias, ainda ultrapassou o lendário “Seu Quequé”: mal minha avó faleceu, ele “começou” a namorar uma prima da minha avó e quase se casaram...
Enquanto o Brasil faz o segundo gol, aproveito para lembrar outras pessoas que enfiaram muita bola pelas traves... Tenho um conhecido que é conhecido pelas suas peripécias sexuais. Bonito, trinta e poucos anos, diverte as mesas, os almoços, as festas contando os números e as histórias de suas fantásticas estripolias. Cheguei a freqüentar a mesma academia onde ele malhava, e lá era muito conhecido com o apelido de “noventa graus”: dizem que tinha um “documento” grande, grosso, reto e muito utilizado... Uma vez ele contou que parou em frente a uma construção e pagou cinqüenta reais para fazer um boquete no pedreiro... Mas eu sempre me perguntei se os noventa graus eram pelo ângulo do instrumento ou pelo grau que formava agachado pagando boquetes...
Do mesmo jeito que o futebol é uma atividade essencialmente masculina e seus assuntos são geralmente machistas, sempre quando pensamos em sexo casual, repetitivo, descontrolado, pensamos em homens fazendo... Poucas pessoas pensam na possibilidade da mulher fazer sexo casual, por mero prazer e, mais ainda, em grande quantidade. Basta ouvirmos alguma história desse tipo, já rotulamos a mulher de “puta”, “vabagunda”, “vulgar”. O fato é que esse tipo de sexo praticado por mulheres existe e sempre existiu...
E foi assim que me lembrei da Tia Loló. Não, essa não é uma de minhas tias. É a falecida tia de uma amiga, que morava em distantes terras brasileiras. De acordo com a minha amiga, a Tia Loló era uma legítima “caceteira”: esse nome, que eu adorei, é o carinhoso adjetivo dado às mulheres que gostam MUITO de bater bola. E ela era uma das legítimas. Casada com o Tio Lolô, parece que tinha algo de errado com ele: ou não funcionava, ou funcionava menos que ela necessitava, mas o fato é que Tia Loló, numa pequena cidade no meio do nada muito nada, fazia o leiteiro, o carteiro, o cunhado, o padeiro, o jornaleiro... Parece que Tio Lolô nunca soube ou nunca se abalou... De todo modo, no leito de morte, beirando os oitenta e cinco anos, a tia resolveu contar para o marido que, de seus treze filhos, apenas dois eram legítimos. Não bastasse revelar o pecado, fez questão de revelar todos os seus onze pecadores para que os filhos soubessem suas verdadeiras origens. A história se espalhou pela cidade: o tio, num acesso de fúria dissociativa, saiu gritando pelas ruas os pecados de Loló. No amplo panorama das redes sociais na pequena cidade de São-José-não-sei-de-quê descobriu-se, ao final de tudo, que todo mundo era parente de todo mundo. Se Tia Loló virasse rio ao morrer, teria o mesmo e proporcional apelido do São Francisco: o rio na uuião municipal.
Acho que não devemos temer, tampouco desprezar as caceteiras. São elas que, por amor, por dinheiro ou por tesão, colocam as energias do mundo em movimento. Sim, elas movimentam, capital, maternidades, camas, desejos, águas de chuveiro, o mercado de adoções, as clínicas de aborto, os cirurgiões plásticos. E como disse a minha amiga, "o sangue das caceteiras corre nas veias"!
Deus salve as caceteiras!
2 Comments:
Vc escreveu tudo isso em 90 minutos? Amei!!! E no mais tb não gosto do clima Copa,mas tenho que interagir afinal tenho dois filhos pré adolescentes ;-)
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