Blog do Doutor Fofinho

"Tudo começou há algum tempo atrás na Ilha do Sol..." Há muitos anos eu montei esse blog, dando o nome "Le Cul du Tabou", inspirado por uma amiga, para falar sobre o tabu das coisas. Ganhei muitos seguidores, mas desde 2018 não escrevi mais nele. Estou retomando, agora com novo nome, o "Blog do Doutor Fofinho", muito mais a minha cara, minha identidade. Sejam bem vindos.

Sunday, April 25, 2010

LÚCIFER, A QUEDA DOS ANJOS E OS ANJOS VINGADORES


Tal como Édipo, Lúcifer quis ocupar o trono do seu criador e tornar-se rei ou deus. Foi então que ele caiu e criou, num mundo aparentemente perfeito, o inferno, povoado de pessoas que pensavam como ele, no qual ele poderia ser rei.

Dizem que Lúcifer, cujo nome se traduz por “luz” ou “portador da luz”, era a mais reverenciadas das criaturas de Deus. A ele foi dado, inclusive, um grande cargo lá no céu; ouvi dizer que era o de um Querubim muito importante. Mas ele não queria só isso. Dizem que ele queria o trono do Criador. Ele queria ser Deus. E foi por isso que ele caiu. Despencou lá do céu.

E daí me vem à mente o desenho animado “Caverna do Dragão”, inspirado num jogo de RPG (“Dungeons and Dragons”), onde um grupo de jovens habita um mundo “paralelo”, cheio de perigos e aventuras, guiados pelo Mestre dos Magos, um anãozinho poderoso que representa, simbolicamente, o próprio Deus. Do outro lado, está o Vingador, um cavaleiro negro que tenta sempre atrapalhar o caminho dos jovens. Num dos episódios, o Mestre dos Magos explica aos garotos que, em sua origem, o Vingador já esteve do lado do bem, fazendo uma clara analogia à queda de Lúcifer e o início do Reino das Trevas.

Existem teorias de que a cobiça de Lúcifer gerou-lhe o castigo dado por Deus e o fez cair do céu. No filme “Cidade dos Anjos”, o charmoso Nicolas Cage interpreta um anjo que escolhe “desabar” para ir atrás do amor e de outras delicias terrenas, como chocolate, hambúrguer, beijo e sexo.

Em “Caverna do Dragão”, existem, digamos, dois tipos de mal. O mal causado pelo Vingador, o tal anjo caído e o mal causado por um horroroso e imbatível dragão de sete cabeças. Tão poderoso é esse dragão que, num dado momento, os garotos e o próprio Vingador unem forças para combatê-lo.

Pensar em tudo isso me faz refletir sobre os tão enigmáticos Exus e Pomba-Giras da Umbanda e do Candomblé. Há quem atribua a eles a força do mal e os associe ao Diabo “cristão”, fazendo mal e espalhando maldades pelo mundo. É a eles, inclusive, que muitas pessoas solicitam favores espúrios, como a conquista de um amor, resoluções financeiras e até a morte ou o mal de outrem.

Entretanto, no modo que apreendi os ensinamentos da Umbanda e do Candomblé, eles são linhagens espirituais de energia mais “densa”, ou seja, mais próximos a nós, humanos encarnados e essa proximidade serve para que eles possam “botar a mão na massa”, cuidando de nossos caminhos, protegendo-nos, livrando-nos de algumas dificuldades. A relação com os santos, Orixás ou outro tipo de espíritos mais evoluídos com esses Exus é comparável ao binômio “engenheiro-pedreiro”: o engenheiro comanda, planeja, elabora; mas é pedreiro que executa a obra.

Não há como negar a sua existência. São eles, falando nossa língua, entendendo nossas necessidades, caminhando por nossas estradas que levam nossos “pedidos” aos pés dos Orixás e que executam as “bênçãos” deles. São geralmente espíritos menos evoluídos que escolhem essa função de obreiros para se redimirem de erros e pecados cometidos na vida carnal ou espiritual. E é por isso que são, muitas vezes, ainda carregados de desejos da carne. Álcool, cigarro, vaidades, comidas. É claro que isso pode ser apenas um símbolo, porque essas “coisas” são muitas vezes, elementos de magia, de transmutação de energias, representando os quatro elementos fundamentais da nossa existência.

Mas, se o espírito ainda possui esses “apegos”, é provável que, à medida que ele evolui, fazendo o bem, desfazendo malefícios, criando condições aos seus protegidos para tarefas mais nobres, ele ganha “pontos” e cresce em sua evolução espiritual, gradativamente se desapegando das coisas materiais. Por outro lado, quando mais o espírito serve a causas espúrias, fazendo maldades por solicitações de seus “protegidos”, criando desarmonias e sendo agraciado com itens materiais, como “barganhas” por seus feitos, menor será sua evolução e, mais ainda, maior sua involução, distanciando-se mais e mais de um caminho luminoso.

Tenho visto muita maldade nesse mundo. Mas, muito mais do que a maldade dos espíritos, vejo, percebo, observo como os seres humanos cometem maldades no seu cotidiano, sem ao menos pararem para pensar a respeito, alegando um certo grau de “inconsciência”. Mas, do mesmo jeito funcionam as leis materiais, funcionam as leis espirituais. Não se pode cometer um crime e alegar inconsciência das leis que regem uma determinada sociedade, uma vez que existe um código de regras que regulamenta as atitudes dos homens dentro da sociedade. Eu nunca li o código civil e nem o penal mas, se cometer um crime qualquer, não vale a alegação de que nunca havia lido.

E, mesmo sem códigos escritos, me assustam ainda mais as maldades que burlam os códigos de ética transmitidos pelas gerações, oralmente, mentalmente, telepaticamente. Coisas que sabidamente erradas desde o princípio, mas que são praticadas intencionalmente, deliberadamente, despudoradamente.

Isso não é moralismo; não sou do tipo “higienista”. Mas o ser humano está ultrapassando todos os limites possíveis. E daí temos que concordar com os pensamentos presentes em várias culturas e religiões que professam que nós somos os verdadeiros diabos; que o mal não existe por si só, que nós somos o mal; que nós somos os verdadeiros Exus.... enfim, que o homem é o próprio mal em si e que não existe um mal “externo” que vem e nos prejudica...

Somos Lucíferes, invejosos, vingadores, descontentes, infelizes... Promovendo o próprio infortúnio e fazendo cristos carregarem nossas cruzes para libertarem dos nossos próprios pecados....

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