Blog do Doutor Fofinho

"Tudo começou há algum tempo atrás na Ilha do Sol..." Há muitos anos eu montei esse blog, dando o nome "Le Cul du Tabou", inspirado por uma amiga, para falar sobre o tabu das coisas. Ganhei muitos seguidores, mas desde 2018 não escrevi mais nele. Estou retomando, agora com novo nome, o "Blog do Doutor Fofinho", muito mais a minha cara, minha identidade. Sejam bem vindos.

Sunday, August 12, 2007

NÃO COMPREENDO E TENHO RAIVA DE QUEM COMPREENDE

"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo." (Clarice Lispector)

Hoje, enquanto procurava palavras para expressar as loucuras do mundo, saí catando trechos de coisas escritas por musas das palavras: Clarice, Virgínia, Adélia, Cecília... Musas de quem sou anônimo e desconhecido amigo. Ziguezagueando pela internet, rapidamente encontrei esse tesouro de Clarice, que caiu como uma luva sobre o que eu queria dizer: como é bom não entender as coisas às vezes. Mais vou mais além! Como é bom não entender nada às vezes. Não aquele meio-entender, de perceber as coisas no ar; não aquela coisa doida de sentir a atmosfera dos acontecimentos e a nuvem dos segredos... Quero mais...quero esse elixir do não-saber que nos arrebata ao mundo dos ignorantes e nos faz não perceber nada!

Amados Hypnos, Morpheus, Tânatos...misturem seus xaropes mágicos, concedendo uma alegria que as fluoxetinas, as sertralinas e os diazepans não podem dar: quero essa ignorância aniquiladora, quero a inconsciência em biscoitos...o pronto analgésico para a dor da consciência... não é a dor de ter feito algo errado,da culpa, do arrependimento... Nesse momento sinto a dor por saber das coisas... por compreende-las e na maioria das vezes, não ser capaz de mudar nada.

Pronto! Decidi! Não quero apenas não saber...quero poder não ouvir e não ver, quero ser surdo-mudo para as coisas do mundo! Não quero ver a pobreza das ruas e dos espíritos, não quero sentir o cheiro da sujeira nos becos e nos becos d’alma. Será por esse motivo que as pessoas escolhem a morte como caminho? Eu não quero a morte, mas quero ser um vegetal part-time. Um brócolis, um repolho, uma abobrinha. Sem ação, sem reação et rien plus!

Sou feliz por ter conquistado certas coisas e ao mesmo tempo infeliz por não ter me livrado de outras...Deus, como é difícil esse mundo !!!!

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

"A verdadeira pergunta é: o quanto da verdade você é capaz de suportar?" Friedrich Nietzsche

6:06 PM PST  

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