Blog do Doutor Fofinho

"Tudo começou há algum tempo atrás na Ilha do Sol..." Há muitos anos eu montei esse blog, dando o nome "Le Cul du Tabou", inspirado por uma amiga, para falar sobre o tabu das coisas. Ganhei muitos seguidores, mas desde 2018 não escrevi mais nele. Estou retomando, agora com novo nome, o "Blog do Doutor Fofinho", muito mais a minha cara, minha identidade. Sejam bem vindos.

Friday, March 30, 2012

A NECESSÁRIA ALMA FRANCESA.


"Etre Français, c'est avoir envie de vivre ensemble"

(Eric Besson)


Eu estava meio “desalmado” para escrever ultimamente. Então simplesmente tirei férias, respeitando os tempos necessários para a constituição das coisas no mundo das idéias. Melhor do que mentir – principalmente para mim mesmo – e cagar pseudo-composições para atender a anseios de um consumismo voraz. Nesse e em diversos outros pontos, sou mais Adélia do que Coelho (Coelho, que Coelho? Paulo Coelho, oras! Ele não faz parte da Academia Brasileira de Letras? Blargh!).

Mas é chegado o tempo de levantar da tumba e escrever. E a minha voz interior, dublada pelo Carlos Vereza, parafraseou a performance ridícula da atriz Mariana Terra na peça “Nise”:

“Vai, Marcelo, pega o cajado renegado de teu pai.” E saí escrevendo novamente.

Eu não sou cinéfilo. Gosto de cinema, já fui bastante. Já tive uma fase de assistir filmes todos os dias no Espaço Unibanco; mas isso era quando a vida era vazia e não havia motivos para voltar para casa. Tanto é que dormi várias vezes no cinema, sendo acordado pelo lanterninha. E se quiser dormir gostoso mesmo, recomendo o “Sétimo Selo”, de Ingmar Bergman. Coma na certa.

Hoje em dia reservo as idas ao cinema para atrações muito especiais: fotografias exageradamente lindas, efeitos especiais desconcertantes de tão impressionantes. Recomendaram que eu fosse assistir “Cisne negro” no cinema, por conta dos efeitos especiais. Eu amei o filme; mas poderia ter assistido no sofá da minha casa, comendo chocolate e tomando Coca-Cola pelo canto da boca, com a cabeça atolada no travesseiro, coberto com uma colcha de piquet. Detesto as filas, não suporto gente que fica fazendo “schhhhhhh” quando abro minhas balinhas e odeio ter que ficar mastigando a bolinha de amendoim bem devagar para não fazer “crec”.

Vez ou outra tenho “binges” cinematográficos: assisto três, quatro filmes de uma vez e depois fecho a banca. Se não sou cinéfilo, é de se supor que não costumo assistir a premiação do Oscar. Mas esse ano foi diferente. Almoçando com um conhecido num restaurante em New York, me vi meio sem saída ao ser indagado sobre “onde passaria a noite da premiação” e acabei combinando uma “soirée spéciale” para a noite do Red Carpet. Eu, meu amor (que,diga-se de passagem, não gosta de Oscar), o Oscar Guy, que elogiava cada meia frase do Billy Cristal e uma matraca yankee em forma de vizinha. Cena de horror. Minha mente se dissolveu em dissociações e criou rapidamente um mundo paralelo habitável: passei a comentar compulsivamente no Facebook sobre os artistas que chegavam no Red Carpet. No final das contas, acabou sendo muito divertido; meus amigos do Facebook é que não gostaram muito: “É legal, né? Você se empolgou mesmo. Recebi mais de cento e cinqüenta mensagens suas.”, disse um amigo, com cara de desapontamento. Divertido, mas a função de ser comentarista do Red Carpet, junto com os intermináveis elogios ao Billy Cristal e a ensandecida enxurrada de comentários da vizinha me exauriram. Não sobrou energia para sorver as maravilhas da entrega do Academy Award.

Apesar de tudo, sobraram algumas bytes no HD mental para registrar o maravilhoso sorriso do ator francês Jean Dujardin e notar o estranho fenômeno da premiação de 5 troféus para um filme francês “sobre” Hollywood, inclusive o de melhor ator, e 5 troféus para um filme americano “sobre” a França. O que aconteceu com a França? Ou o que aconteceu com os Estados Unidos e com a Academia?

Não bastasse eu amar a França, particularmente Paris, agora fiquei obcecado pelo Jean Dujardin. Já pensei em fazer uma maratona de filmes dos quais ele participa, passou-me a idéia de colecionar seus filmes. Ele é o par perfeito para a minha amada Juliette Binoche. Mas isso é história para uma outra postagem. O que me intriga de fato é o “afrancesamento” da Academia.

Tratei de assistir “O Artista” e “A Invenção de Hugo Cabret”. Um após o outro. E entendi tudo. Não foram os melhores filmes que assisti na vida, mas gostei muito. Fato curioso é que ambos tratam do mesmo assunto: cinema dentro do cinema e a queda de uma estrela. Seja por não aceitar a chegada do novo, como no caso de George Valentin (Dujardin), seja pela chegada da destruição marcada pela guerra, no caso de Méliès (Kingsley), ambos personagens vivem a ascenção, a queda e o renascimento, trazido pelas mãos de alguém, sempre através do amor. É o amor que faz a esperança reacender, o Sol voltar a brilhar e os personagens encontrarem vida em terrenos tornados áridos.

É a tal “joie de vivre” francesa (subentenda-se parisiense) que impregna as tramas, as telas, que inundou os espectadores, a Academia, a América. É alma francesa necessária, carregada de glória, de rococós dourados e céu furta-cor, torres, pontes e monumentos iluminados, arte, poesia. Tigres Asiáticos ou outros grupos de mega-potências podem dominar o mundo das roupas, da tecnologia e da comida enlatada; mas a felicidade, a liberdade da alma e o cinema, essas coisas eles não poderão reproduzir.

Friday, March 23, 2012

DICAS DE SALVADOR



Conheci Salvador em 2003, quando visitei a cidade por conta de um congresso junguiano. Coisa estranha: na época eu era, ou pensava que era psicanalista. E “estava” ateu. Hoje, quase dez anos depois e após muitos giros dos ciclos da vida, reconheço-me como um junguiano, deísta-macumbeiro fervoroso. Tem um coisa que não mudou dentro de mim: amei Salvador no primeiro dia em que cheguei e renovo a cada ano, a cada ida esses votos. Gosto de muitas cidades brasileiras, mas Salvador foi a única cidade do Brasil na qual desejei morar fora de São Paulo.

E hoje Salvador faz parte do que eu chamo de Circuito Pierre Verger Expandido: Salvador, Paris e New York. São Paulo vez ou outra. É assim que quero viver daqui poucos anos.
As minhas dicas surgiram do mesmo jeito que surgiram as outras: da experiência. Deve faltar muita coisa, tem um monte de lugares que nunca visitei. Mas o que tem aqui foi vivido.

Transporte.

Andar em Salvador não é muito difícil. Até porque quase tudo de mais legal acontece na orla, com algumas exceções. É lógico que tem lugares perigosos, mas alugar um carro e se orientar por GPS geralmente dá certo. O Google Maps é bastante perigoso, porque a velocidade ridícula da internet no Brasil não atualiza as mudanças em tempo real e você pode cair, em poucos segundos, de um viaduto para um beco deserto e sem saída, cercado de craqueiros.

Pra quem não se sente seguro, os taxistas são tranquilos e geralmente honestos. Além disso, é bastante comum eles oferecerem seus serviços de “chauffeur” cidade afora. Mas pra quem não conhece a cidade, vale sempre a regra eficiente em quase todas as cidades de combinar um preço antes ou perguntar por uma estimativa.

Atualmente dá para usar o serviço de Uber e outros aplicativos de táxis sem problema. Mas não espere a rapidez de resposta de lugares como São Paulo. A oferta de carros é ainda menor e o uso dos aplicativos na cidade é mais recente. 

Também é relativamente tranqüilo andar de ônibus pela cidade. Quando estou com preguiça de andar, por exemplo, da Barra ao Rio Vermelho, pego sem medo um “buzú”. E se estiver muito calor, ainda tem o “frescão”, um buzú com ar condicionado!

Hospedagem.

Quanto à hospedagem, minha preferência é o Rio Vermelho. Acho que tem a vista mais linda, é um lugar repleto de atividades, de boa comida e fica “meio que no meio” dos outros lugares. Já fiquei hospedado em outros bairros em casas de amigos, mas o Rio Vermelho é a minha paixão.

Geralmente me hospedava no Pestana (http://www.pestana.com/pt/pestana-bahia-hotel/pages/home.aspx), que atualmente está fechado para reforma, tem a vista mais linda do Rio Vermelho, um excelente café da manhã e uma deliciosa piscina. Desfrute da experiência: dormir pelado numa suíte do Pestana com a janela do quarto completamente aberta, ouvindo o barulho do mar e acordar cedinho com o sol despontando bem na sua cara. É maravilhoso!

Em uma das idas a Salvador, me hospedei no Golden Tulip. É um bom hotel, com piscina na cobertura e um serviço razoável. O café da manhã é horrendo e, nos andares baixos, os macaquinhos entram nos apartamentos e levam coisas embora. Além disso, a ladeira que se tem que subir para chegar ao hotel mata qualuqer cristão. Mas o hotel disponibiliza gratuitamente um serviço de táxis para fazer a "correria".

Já fiquei no Mercure, que tem um café da manhã bem gostoso e uma deliciosa piscina com borda infinita. Apesar de ser tudo novinho, acho muito claustrofóbico, porque os quartos são pequenos e as janelas não abrem totalmente.

O Zank (http://www.zankhotel.com.br) é um espetáculo à parte. Um hotel boutique no Rio Vermelho, com apartamentos charmosos, piscina e jacuzzi na cobertura, um serviço muito competente e uma linda vista.

Um amigo indicou a Pousada Catarina Paraguaçu, também no Rio Vermelho. Eu nunca fiquei hospedado nela, mas o lugar é maravilhoso. Um problema sério para mim é não ter piscina para os fins de tarde após a praia.

Agora, se o negócio é economizar, eu sugiro a Hostelling International, na Barra, com preços bem mais acessíveis. Na Barra também tem a Santería (http://www.santeriahostelbar.com.br/) , uma pousada muito charmosa, bem mais barata, mas sem ar condicionado. Mesmo que você não se hospede lá, eu recomendo fazer uma visita no fim de tarde para ver o pôr do sol no bar que fica na cobertura da pousada e tem uma vista estupenda!

O ator Luiz Fernando Guimarães abriu um hostel que é quase um hotel-boutique. É o F Desgin Hostel (http://fdesignhostel.com). Tem preços bons, um ambiente sofisticado e tem "jeito" de ser "quente" para a bicharada. 

Hoje em dia o Airbnb oferece boas opções de hospedagem, desde acomodações bem simples até casas e apartamentos bem sofisticados. Vale a pena dar uma olhada, porque geralmente sai mais barato do que ficar em hotel. 

Passeios & Comidas

Em primeiro lugar, é importante lembrar que a Bahia tem um fuso horário. O fuso não é terrestre, é humano. Canso de ver paulistas estressadíssimos nos restaurantes, nos bares, esperando a instantaneidade do atendimento e comparando a "lentidão" baiana à agilidade paulista. Respire fundo, relaxe. Você está na Bahia. Se quer rapidez, fique em São Paulo, vá ao Center Norte ou ao Friday’s, vá para Tóquio. Ou vá lamber sabão. Aprenda a respeitar o ritmo e a desfrutar das coisas deliciosas que a cidade tem pra oferecer.

Outra coisinha: se você se incomoda com as cores das pessoas, se você é racista e, mais precisamente, se a beleza da raça negra te incomoda ou te ofende, não vá a Salvador. Salvador já foi considerada a “Roma Negra” por ser a cidade do mundo fora da África com a maior população negra. E também não fique em São Paulo, porque é hoje a cidade mais “negra” do Brasil. Se não curtiu isso, não cole no seu mural; vá pra PQP.

Dê uma olhada no site Salvador Update, que sempre tem dicas quentes e descoladas da cidade. (http://www.salvadorupdate.com.br/up/index.php)

1- Solar do Unhão – É o endereço oficial do MAM da cidade, tem sempre shows e exposições muito legais. O entardecer e pôr do sol lindos, e vale conferir a jam session que ocorre nas tardes de sábado (“Jam no MAM” (http://www.mam.ba.gov.br). O café / restaurante no Píer foi reaberto e apesar do péssimo serviço ( e quando eu digo péssimo, eu já descontei a lentidão habitual “hors-SP”), é muito gostoso de ficar tomando “uns bons drink” ao cair da noite.

2- Rolê pelo Rio Vermelho. Salvador tem muita coisa pra fazer o tempo todo, mas a noite do Rio Vermelho é a mais viva da cidade. Muitos bares, restaurantes, boates, shows, eventos culturais, o dia inteiro. O tempo todo.

3- Acarajé da Cira. Não, acarajé não é tudo igual e, sem dúvida, o da Cira é o melhor de todos eles. No Largo da Mariquita, vale a pena pegar a fila enorme, que anda bem rápido, para comer o acarajé melhor do mundo. Hoje em dia, aquela coisa do “quente ou frio”, sendo o “quente” uma pegadinha pra turista se entupir de pimenta, quase já não existe mais. E na Cira, elas sempre perguntam se você quer pimenta ou não. Sim, elas são mal humoradas. Escolha seu acarajé, pague logo e vá-se embora.

3- Bobó de camarão no Restaurante Iemanjá. Essa foi a primeira indicação de coisas a fazer quando estive em Salvador em 2003. É muito gostoso mesmo, mas hoje já não acho o melhor de todos. É um restaurante caro, bem turístico e bem afastado do buchicho.

4- Restaurante Soho, na Marina, ao lado do Solar do Unhão. Esse restaurante já foi melhor. Serve comida oriental com uma proposta sofisticada, mas decepcionou bastante em minha última visita. Se for, tem que conseguir uma mesa na varanda, porque, mais que a comida, o que é fantástico é a vista da baía de todos os santos e o chão de vidro com o mar embaixo batendo nas pedras.

5- Bar da Cruz do Pascoal. Fica em Santo Antonio Além do Carmos, perto do Pelourinho, é um botequinho antigo, bem simples que tem uma comida gostosa. No fundo tem uma varandinha que dá vista pra cidade baixa e as docas. Comida boa e barata.

6- Toda terça tem show gratuito do Gerônimo, um cantor e compositor baiano muito querido, que compôs relíquias baianas, como “É d’Oxum” e “Agradecer e abraçar”, na escadaria do “Pagador de Promessas”, no Pelourinho e antes ele canta na missa afro da Igreja do Carmo, que é muito legal. Na quarta ele canta no Bar Padaria, no Rio Vermelho.

7- Praias. A minha praia predileta é a Barra, mas ela é mais "pop" e mais “gay” e isso pode ser um problema para algumas pessoas. Relaxe: nenhum baiano selvagem vai agarrar você, Senhor Hetero, ou roubar seu marido, Senhora Hetera. Agora, se você for em outras praias, não perca o pôr do sol no Porto da Barra, que é lindo. Lá na pracinha tem uma feira com artesanato e a loja do Instituto Moreira Salles que vende coisa lindas de artesanato. Na feirinha também tem comidas maravilhosas. Atualmente a Praia do Buracão no Rio Vermelho tem sido bastante utilizada. É uma praia gostosa, com ambiente relaxado, gente jovem, mas o mar é bastante bravo e perigoso. Fique atento apenas quando a praia estiver muito vazia, sobretudo no final do dia, porque ela é muito isolada e um pouco perigosa nessas condições. Agora, se você preferir luxo e riqueza, vá para as praias mais distantes, como a Praia do Flamengo, com suas "barracas" caras e sofisticadas. Você pode ir de carro ou ir de Táxi/Uber. Também pode ser legal ir para a Praia do Forte e outras praias mais adiante, depois do Forte. Se você gosta de ficar pelado, vá para a Praia de Massarandupió. 

8- Igreja de São Francisco, no Pelourinho. Toda de ouro, vale muito a pena. Ao lado dessa igreja tem um restaurante muito bom, o Maria Mata Mouros, que tem uma comida muito boa, é mais sofisticado e caro, mas eu prefiro as coisas mais simples da cidade.

11- Igreja do Bonfim. Não espere uma igreja enorme, com escadarias intermináveis, mas é um lugar legal. Se for pra esses lados e estiver disposto a um “Ultra Pop Day”, vá até a Sorveteria da Ribeira, que é maravilhosa.

12- Se quiser comer uma moqueca deliciosa, vá na Donana, em Brotas. Mas chegue cedo ou tenha MUITA paciência para esperar. (http://vejabrasil.abril.com.br/salvador/restaurantes/donana-27696).

13- Casinha da Iemanjá no Rio vermelho. Dá pra visitar, levar flores, "agradecer e abraçar", como diz a música. Foi construída por pescadores, como forma de agradar a santa e pedir a ela que apaziguasse a braveza do mar. É aí que acontece a Festa no dia 2 de fevereiro, mas isso é um capítulo à parte.

14- Igreja de São Lázaro no Bairro Federação. Igreja construída por escravos, guarda uma forte relação com a cultura afro e tem Missa Afro às segundas-feiras, com cantorias, atabaques e oferendas. Na porta da Igreja ficam várias sacerdotisas do candomblé oferecendo “axé”, um tipo de passe, com ervas e banhos de pipoca, louvando Omolu ou Obaluaê, sincretizado na Igreja Católica como São Lázaro, um santo que zela pela nossa saúde. Receba com respeito o “axé” e deixe uma oferta em dinheiro. Não pergunte o valor; deixe o quanto seu coração mandar.

15- Museu Rodin, no Bairro da Graça. É muito lindo e muito gostoso, lembra muito o Museu de Paris. Tem obras originais do gênio, sempre tem alguma outra exposição interessante e um café/restaurante muito charmoso no fundo, além de uma simpática livraria.

16- Teatro Castro Alves (TCA) e Concha Acústica. No Campo Grande, sempre tem espetáculos interessantes, muitas vezes com preços populares.

17- Ilé Axé Opó Afonjá tem o Museu do Candomblé, que dizem que é bem legal. A Mãe Stella de Oxóssi, responsável pelo terreiro, joga búzios às quartas-feiras, sem hora marcada. Dizem que é um jogo bom e honesto.

18- Borracharia. Boate que fica no Rio Vermelho, é uma borracharia de dia e de noite é balada. Pessoal descolado, música black, MPB, samba rock. Sexta é muito legal. DJ Rafabela e Roger’n Roll. A Borracharia foi fechada recentemente devido aos problemas de instalação, após o incêndio da boate em Santa Maria.

19- Casa da Mãe. Em frente à Casa da Iemanjá no Rio Vermelho, balada alternativa com música ao vivo e uma maniçoba deliciosa.

20- Na rua do Pestana (Rua Fonte do Boi) tem um bar muito charmoso do lado direito. É um café/ bistrô/ boutique, chamado Café&Cognac! Em frente a Mídia Louca, uma livraria/loja de CDs/ Sebo que tem coisa muito interessante e barata.

21- Restaurante Dona Mariquita e Café Regional. Ambos da mesma proprietária, ficam na Rua do Meio, em frente ao Largo da Mariquita, no Rio Vermelho. Têm diversas comidas regionais deliciosas, o preço é um pouquinho salgado é um lugar muito agradável e com bom atendimento.

22- Experimente carne de fumeiro. É uma carne de porco defumada deliciosa, no Restaurante do Zank e no Bar Padaria eles fazem escondidinho com ela.

23- Feira de São Joaquim. Se você não gosta de sujeira, pobreza e cheiro de granja, esqueça. Agora, se você curte comprar badulaques baratos, artigos religiosos e comida baiana fresca para levar para São Paulo, esse é o lugar. Na Cidade Baixa, um passeio-função obrigatório pra quem curte aventuras populares!

24- Mercado Modelo. Particularmente eu acho uma bosta. A única coisa que eu gosto de lá é a loja da Teka, que vende roupas e utensílios africanos. Porque toalha rendada, toalha de banho imitando fitinhas do Bonfim, cocada e dendê, isso você acha em qualquer lugar!

25- Pelourinho e Elevador Lacerda. O Pelourinho é um local vivo, cheio de coisas legais pra visitar e pra fazer. A não ser que você tenha realmente que usar o Elevador para subir ou descer, esqueça essa função. A viagem custa 15 centavos, é rápida e não tem nada de mais. Mas como é o lugar mais visitado de Salvador, cuidado com os furtos no Pelô, principalmente com câmeras e bolsas. Não deixe que amarrem fitinhas do Bonfim no seu braço; porque isso serve hoje pra marcar os turistas. Se você quer fazer a “sortinha” de amarrar a fitinha, peça que algum companheiro de viagem faça isso por você. Se você gosta de fotografia e se interessar por cultura afro e baiana, visite o Instituto Pierre Verger. Tem uma infinidade de lugares para comer no Pelourinho, mas eu adoro comer na Alaíde do Feijão, que tem comidas típicas baianas, como a Feijoada Baiana, com feijão marrom e dendê e umas moquecas bem interessanres e no Restaurante do Senac, que tem um bufê gigante de comida baiana por um preço único. 

26- Teatro Gamboa Nova. No Bairro de Aflitos, é uma grande surpresa. Um teatro minúsculo, com cerca de 100 lugares, tem sempre uma programação interessante. Mas o mais legal de tudo é poder assistir a um espetáculo durante o dia e ver a cortina do fundo do palco se abrir, dando vista à baía de Todos os Santos.
Festa de Iemanjá.

27- Recentemente comi a melhor maniçoba da minha vida; ganhou até da minha. Fica no restaurante "A Venda", na Av. Iemanjá, 100, em frente ao aeroclube. Lugar cafona, feio mesmo, mas uma comida deliciosa e barata.

28- Agora se você quiser variar da comida baiana de cada dia, recomendo dois excelentes lugares. Um é "La Taperia"(Rio Vermelho), um restaurante espanhol de comidinhas bem gostosas e uma sangria fantástica. 

29- O Lalá no Rio Vermelho, é um misto de bar, casa de show, brechó e de tudo um pouco. Tem sempre uma programação interessante de shows e eventos. 

Não estranhe se ouvir alguém chamar a festa de “Lavagem”. Na Bahia, quase todas as festas religiosas são chamadas de lavagens, por influência das tradições africanas. E, antes da “Lavagem do Rio Vermelho”, como é chamada a Festa de Iemanjá, abre-se o ano com a “Lavagem do Bonfim”, em meados de janeiro e a Festa de São Lázaro, no final de janeiro.

30 - Festa de Iemanjá. A Festa de Iemanjá acontece todos os anos, no dia 2 de fevereiro, no Rio Vermelho, onde está a Casinha de Iemanjá. Na véspera, as pessoas já começam a levar suas oferendas: flores, perfumes, fitas, velas, barquinhos. Os pescadores ficam lá, ajeitando as oferendas nos balaios. Seja consciente: Iemanjá é uma santa, uma energia. Ela não precisa de pente, de espelho; ela não come manjar e não brinca com bonecas. Tenha fé, mas respeite a natureza e não polua o mar com esses cacarecos.

No dia da festa, fica quase impossível levar as oferendas, porque há uma fila enorme, as pessoas estão nas ruas pulando carnaval atrás de trios elétricos e o calor é de lascar...Mas todos os restaurantes e bares costumam fazer festas nesse dia. Na madrugada, Carlinhos Brown comanda o bloco Zárabe, homenageando os negros africanos e saudando Iemanjá com um batuque fantástico. No final do dia, os pescadores se reúnem para levar as oferendas para a mãe sereia, no fundo do mar...

Na praia, ao lado da casinha, é possível apreciar as cerimônias de diversos terreiros de Umbanda e Candomblé, com “giras” de todos os tipos, além de tomar um bom “axé” para começar o ano cheio de energia...

Eu tenho ido à essa festa todo ano, e cada vez fico mais apaixonado pelo aspecto religioso da festa, além de desfrutar das diversas festas, almoços e comemorações dedicadas a Iemanjá. Ouvi dizer que há festas em outras praias, mas sem dúvida a do Rio Vermelho é a mais importante.

31-O Ceasinha do Rio Vermelho é uma opção interessante se você quiser comprar comidas para fazer ou para levar. Hoje acabou se tornando um shopping caro, bem diferente de um mercado tradicional, mas tem uns restaurantes bem gostosos lá. 

32-A "nova" moda dos descolados do mundo são as feiras urbanas. Em Salvador tem duas bem legais, que acontecem nos finais de semana, com artesanato, comidas, roupas, apresentações culturais: a Feira da Cidade, que é aberta e gratuita, e o Mercado Iaô. Eu particularmente gostei mais da primeira, porque o Mercado cobra entrada e tem filas gigantescas para comprar ficha para comer e beber, além dos produtos acabarem rapidamente, por exemplo, a cerveja! 

33-Na cidade baixa, vale muito a pena conferir a Igreja do Bonfim e a Ribeira. Não se assuste com a igreja, porque ela é muito menor do que pensamos quando vemos nas fotos das revistas. A coisa chata de lá são os ambulantes que perseguem os turistas para vender cacarecos e pedir dinheiro. A Ribeira é um bairro antigo, beirando o mar, dá inclusive para fazer passeios de barco e tem que experimentar os deliciosos sorvetes da Sorveteria da Ribeira. 

35- O Mercado do Peixe, no Rio Vermelho, recentemente reformado, também é bem interessante. Vários lugares para comer e beber, algumas vezes com apresentações culturais. 

36- E se você for gay...A cidade tem algumas baladas e bares gays, como a San Sebastian. Eu particularmente acho meio chato e, na boa, as pessoas se pegam e se beijam em qualquer lugar da cidade. Uma visitinha às saunas pode ser bem interessante, tanto quanto frustrante, depende da sorte de cada um. 


Furadas Baianas.

1- Embora tenha muitos amigos que gostem, eu odeio muito o Restaurante Paraíso Tropical, do cafoníssimo Beto Pimentel . Eu explico: longe pra burro, preços salgados e um baita engodo. Ele diz que usa frutas que ele tem plantadas no quintal para por nos pratos e fazer os sucos, mas é tudo mentira. Tomei suco de tangerina por 13 reais feito de polpa congelada. Mas, se você quiser gastar uns 80 reais de táxi e conferir, vai lá. Eu tô fora! (havia cometido um ato falho ao publicar o blog e troquei o nome dele para Beto Silveira. Só depois compreendi: acho ambos engodos, cada um na sua área)

2- Cuidado com as “furadas espirituais”: nas praias, nas igrejas, nas festas. Um monte de gente vestida com roupas de candomblé oferecendo o tal “axé” e pedindo dinheiro de turista. O Orixá não vai ficar bravo se você der cinco, e não cinquenta, por um banho de pipoca. Embora eu ame muito as religiões afro-brasileiras, não acho que deve ser meio de vida pra ninguém.

3- Outro tipo de “pega-turista-sobrenatural”: excursões a terreiros de candomblé. Os hotéis reúnem um grupo de turistas babões, cobram os olhos da cara para ver um “showzinho” de candomblé e ainda jogar mais dinheiro no balaio... Ou jogar búzios pagando os olhos da cara. Se quer conhecer algum terreiro, ver uma cerimônia de verdade, sempre com respeito ao culto, converse com os “locais”, os taxistas, ou se informe antes de viajar com algum conhecido.

4-FUJA do Restaurante Boca de Galinha, na Plataforma. Ele deve ter sido com um dia, realmente tem uma comida muito barata, mas que compensa em gasto a fortuna que você vai gastar de táxi para chegar lá e encontrar uma comida comum, sem nenhuma graça. 

5-FUJA dos ambulantes que querem amarrar fitinhas do Senhor do Bonfim no seu braço. Eles geralmente fazem isso para depois venderem os badulaques. 

Bem, taí a Salvador que eu conheço e amo. As pessoas a quem tenho mandado essas dicas têm gostado. Espero que elas sirvam para fazer da Bahia um lugar especial, como é pra mim.

Um cheiro e muito Axé pra você!

Friday, March 02, 2012

LUGARES SEGUROS.


Almoçando com amigos hoje, falávamos sobre esportes radicais. Eu, particularmente, falava o quanto não suporto esportes radicais. Ficar pendurado em cordas, submerso, voando, pulando, escorregando, deslizando. Qualquer coisa que não signifique manter os pés bem firmes no chão me causa pânico. Já tentei relaxar, abrir os olhos, fechar os olhos, gritar, balançar os braços. Nada que eu tenha tentado serviu para substituir, amenizar ou transformar a horrível sensação que me invade quando invento de me meter nessas roubadas. Já faz um tempinho que me conformei com o fato de que essas coisas não me servem. Sendo assim, posso filmar, fotografar, admirar e até abdicar dessas empreitadas.

Sinto necessidade de lugares seguros. Sim, deve ser porque sou neurótico de guerra com “lugares inseguros”. Gosto de sair, de viajar, de passear; fico bem confortável em casas alheias, durmo em travesseiros estranhos e não tenho nenhum problema com banheiros, exceto aqueles cuja falta de higiene é indizível. Mas saber onde estou, com quem estou e onde estão as pessoas é coisa fundamental.

Já faz algum tempo, decidi passar um fim de semana na casa de campo de uma amiga. Sozinho. Achei que seria um momento legal para escrever, meditar, pensar na vida. Já havia ficado naquela casa, mas acompanhado. Foi uma das piores experiências da minha vida. Ouvia todos os barulhos da casa, de dentro e de fora dela; pensava a todo instante que um serial killer iria invadir a casa e enfiar uma faca no meu pescoço. Fiquei rezando até o Frontal “bater” e graças a Deus não “acordei” no Nosso Lar, nem roubaram meus rins ou meu computador. Transtorno de estresse pré-traumático.

Em geral não sinto medo de ficar sozinho. Mas estar sozinho num lugar desconhecido pode acordar certos fantasmas. Essa casa já foi um lugar seguro. E provavelmente será novamente, quando eu estiver lá com outras pessoas. Lugares seguros não são ambientes específicos. Lugar seguro é uma função. É uma situação. Que pode ser transitória.

Lugar seguro pode ser um colo, um ombro para se aconchegar das tempestades; uma mão apertando a nossa na aflição; dois dedos protegendo nossos ouvidos dos barulhos das brigas, dos trovões, dos tiroteios; duas mãos escondendo nossa visão das tragédias. Lugar seguro pode ser aquela frase, aquele olhar, aquele silêncio que nos diz tudo e nos apóia.

Aquele nosso cantinho da cama que nos aguarda; o corpo da pessoa amada se esticando contra o nosso quando chegamos; o sorriso, o carinho. Ouvir o quanto somos amados, o quanto somos importantes também. Isso não deve ser confundido com a patológica necessidade de reafirmação. Lugar seguro é como o tempo, o calor. Chega, esquenta; vai embora, esfria. É uma situação. É uma energia.

Acho que quase todo mundo procura por lugares seguros. Uns menos, outros mais. Eu preciso e gosto. Eu, que já mudei de casa mais de vinte vezes. Casas, apartamentos, casa dos outros, cortiços, kits. Eu que passei anos rezando para que meu pai demorasse para chegar em casa ou que não voltasse, ou que subia correndo para meu quarto para fingir que estava dormindo quando ouvia ele tocar a buzina. Por anos, a minha casa não foi um lugar seguro. Hoje é. Gosto de estar em casa. E é na minha casa que me “escondo” dos barulhos da vida, das turbulências, do barulho das pessoas. É na segurança do meu lar que recebo meus amigos, as pessoas que amo, que preparo com amor as comidas que eu tanto gosto para oferecer, para presentear, para acariciar, como forma de agradecer o carinho e o amor que recebo. Porque, como disse a Dorothy, do Mágico de Oz: “Não há lugar como o lar.”