Blog do Doutor Fofinho

"Tudo começou há algum tempo atrás na Ilha do Sol..." Há muitos anos eu montei esse blog, dando o nome "Le Cul du Tabou", inspirado por uma amiga, para falar sobre o tabu das coisas. Ganhei muitos seguidores, mas desde 2018 não escrevi mais nele. Estou retomando, agora com novo nome, o "Blog do Doutor Fofinho", muito mais a minha cara, minha identidade. Sejam bem vindos.

Friday, February 22, 2008

AS PÉSSIMAS FRASES DAS PESSOAS MÁS


Outro dia uma amiga perguntou se eu realmente acreditava que algumas pessoas fossem, de fato, más. Eu respondi que, em minhas andanças, não só acreditava como acabei confirmando que a maldade existe e não está num diabo, capeta ou seja lá o que o valha, mas no coração e na mente de algumas pessoas.

Uma velha conhecida sempre dizia que o verdadeiro mal era a ignorância. E ela não falava sobre a ignorância dos não-letrados ou dos desprovidos de inteligência. Fazia referência aos ignorantes da alma, de carcaça dura, que praticam maldades, que humilham, que ferem ou que são egoístas.

Hoje eu estava conversando com uma amiga sobre as maldades que as pessoas fazem. Contei a ela a história de uma mãe que, após ter cometido alguns erros graves com um de seus filhos, fingindo não entender o desprezo por parte dele, disse-lhe: “Filho querido, como vai? Você ainda lembra da sua mãe?”. Foi quando minha amiga falou: “É engraçado como essa é uma frase comum na boca das mães más”.

Eu tive que concordar com ela. Lembrei-me de outros exemplos de tantas outras pessoas que têm mães “difíceis”, egoístas, perversas e não bastasse toda essa maldade, desferem o último golpe dizendo: “Você se lembra da sua mãe?”.

Sim, todos esses filhos se lembram dessas mães. Primeiro porque é impossível esquecer da mãe que se tem; segundo porque é ainda mais impossível esquecer-se de mães como essas.

Péssimas mães, péssimas frases. Pode-se até supor que aquelas que ainda não são mães e estão acostumadas a proferirem péssimas frases, serão péssimas mães, simplesmente porque já são péssimas pessoas. E lamentavelmente SER péssimo pressupõe irreversibilidade. Alguém já ouviu falar que a bruxa da Branca de Neve virou fada? E alguém já pensou em um ex-Hitler? São estigmatas de uma péssima maternidade. Se Deus existe e acho que existe mesmo, que permita que péssimas pessoas não coloquem filhos no mundo, futuros sofredores como conseqüência de vidas doentias.

É claro que existem possibilidades. Filhos de péssimas mães podem resultar em pessoas incríveis e capazes de se libertarem desses grilhões de ódio e miséria. Mas como já perguntei a Deus uma vez, pergunto de novo: pra que tanta luta, meu Pai?

Wednesday, February 20, 2008

HIDROFOBIA É CRIME!


“Eu perdi o meu medo, o meu medo, o meu medo da chuva
Pois a chuva voltando pra terra traz coisas do ar” (Raul Seixas)

“Alegrai-vos, pois, filhos de Sião, e regozijai-vos no Senhor vosso Deus; porque ele vos dá em justa medida a CHUVA temporã, e faz descer abundante CHUVA, a temporã e a serôdia, como dantes” (Jl 2.23).

Quando ainda estava na faculdade, um fenômeno interessante acontecia: final de tarde, pronto-socorro lotado, filas homéricas e quiméricas na porta. Bastava começar a chover que as pessoas desapareciam.

Sobravam apenas alguns gatos pingados, heróicos e retumbantes, esperando o atendimento. Era possível supor os seus diagnósticos: tuberculose, dores insuportáveis, apendicite, hemorragia, meningite. Enfim, algo muito grave e muito desconfortável que era mais forte do que o medo da chuva.

Foi a partir da observação desse comportamento que surgiu a teoria da hidrofobia. Explicando: algumas pessoas diziam que isso aconteciam porque aquelas pessoas eram hidrófobas e tinham uma fantasia fantasmagórica e aterrorizante de que dissolveriam com a chuva. Talvez tenham interpretado erroneamente o fenômeno da chuva ácida; talvez não gostassem de tomar banho. O fato é que uma simples chuvinha era e ainda é capaz de dissuadir multidões. Exceto os fãs de Sandy&Júnior.

Como faz muito tempo que não circulo por lugares de grande concentração de massas, como portas de pronto-socorros e filas do Poupatempo, fazia muito tempo que não presenciava surtos de terror hidrofóbico. Mas há alguns dias atrás fui caminhar num parque da cidade e tive um “revival” dos tempos de faculdade...

Fevereiro desse ano, verão escaldante. Caminhava pelo parque com um amiga quando, de repente, começa a chover. Estava uma noite bonita e agradável, exceto pelo fato de estar muito abafado. A chuva chegou sem pedir licença e instaurou o caos. Mal a chuva choveu e a multidão de pessoas que habitava o parque àquela hora entrou em desespero. Era como se o gás mostarda estivesse sendo disperso pelo ar ou como se o Tsunami e o Kathrina tivessem chegado naquela hora, juntos, para destruir a humanidade. Nem o Tom Cruise sentiu tanto medo em guerra dos mundos como aquelas pessoas todas.

A cena era de dar pena. Crianças, jovens e adultos se digladiando para atingir a marquise do Ibirapuera para se protegerem dos pingos gelados na chuva má. Corriam, gritavam, esperneavam. Criancinhas aprendendo desde muito cedo a cultura de fugir da chuva como se fosse um inimigo.

Ó Deus, a hidrofobia está de volta! Deus, tão ocupado movendo os planetas, criando estrelas, deve ficar muito decepcionado ao ver seus filhos correndo da chuva, um verdadeiro presente dos céus, correndo dele como se fosse um monstro ou prenúncio de desgraças!

Foi assim que revivi a experiência observatória da hidrofobia. Acho que os antropólogos deveriam escrever mais sobre isso. Acho inclusive que os psicanalistas, tão preocupados com as questões da contemporaneidade, deveriam averiguar melhor as raízes inconscientes da hidrofobia... Será que a humanidade – pelo menos essa que não tem intimidade com banho, desodorante e água de chuva – sente-se que está se protegendo da dissolução do Ego evitando a água? Será que é uma fantasia paranóide do medo de ser inundado pelo seio mal? Ou será que é o pavor da transmutação do seio bom? Admira-me os espíritas não terem observado a hidrofobia como um fenômeno de carmas coletivos de pessoas que sobreviveram ao dilúvio, porque é lógico que é mentira que Nóe enfiou todo mundo na arca....Eu acho que pelo menos a sogra ele deixou pra trás...

Mas a única certeza que tenho é quem tem medo da chuva e não se aventura a purificar a alma vez ou outra com as águas da chuva, que para mim são lágrimas do céu, é porque gosta, pelo menos um pouco, de viver na porquice. E é por isso que lanço aqui um “MANIFESTO CONTRA A HIDROFOBIA”. É lógico que cada um tem direito de gostar ou não da chuva, mas vocês não acham que o mundo seria menos fedido?

ERA O NARIZ QUE FALTAVA NESSE QUEBRA-CABEÇAS...


Nariz....um simples nariz... Imagine uma cara sem nariz. Não é nada. O nariz, como a personalidade, define o homem. Veja quantas pessoas somos capazes de reconhecer apenas pelo nariz.
Nariz grande, nariz pequeno, nariz torto, nariz quebrado. Um nariz também pode contar histórias, guardar segredos...

Há algumas pessoas que usam o nariz para disfarçar, para mentir e dissimular. Pensando desse modo, Carlo Colloodi, o criador de Pinocchio, tinha razão pois o nariz é a sede das nossas mentiras. A metáfora é clara: quanto maior o nariz, maior a mentira. Mas existem outros “mentirômetros” possíveis através do nariz, sobretudo no que diz respeito à sua forma. Isso porque quanto mais diferente é o nariz de suas prováveis origens, maior será a mentira que esse nariz carrega.... Confuso? Não, é muito simples. Vejam só: Chico Mineiro casou-se com Maria Lavadeira e tiveram quatro filhos. Tanto ele quanto ela têm narizes pequenos, arrebitados e um dos filhos nasce com uma discomunal “quilha”.Tem algo errado nessa história. De onde veio esse nariz? Maria Lavadeira trata de corrigir seu deslize e atribui o narigão do rebento às espúrias heranças genéticas: ele tem o nariz do Tio Everêncio!

Mas como é que o nariz do Tio Everêncio foi parar na cara desse menino? Esquisito... só acredita quem quer.... ou quem tem nariz de palhaço! O fato é que Chico Mineiro acredita nessa palhaçada! E por outro lado renega aquele nariz que Deus lhe deu como cópia!

Mas essa história é mais antiga que a roda! Lembram-se quando a mulher do Euclides da Cunha, autor de “Os Sertões” tem um filho do seu amante e jura ao marido que aquela “espiga no cafezal” era de fato filho dele? Realmente acredita quem quer e cada um enxerga o nariz do outro como bem entende...

Eu mesmo sou suspeito em falar, porque até hoje tenho que fazer força para duvidar da herança genética dos narizes alheios!

Mas como acho melhor não meter o nariz aonde não fui chamado, escolho continuar acreditando nas histórias da carochinha e esperar até o momento em que o nariz cresça tanto, mas tanto, que não haverá lugar para esconde-lo.