THE BIG FUCKING LIAR
Ano Novo no Rio de Janeiro. Praia lotada. Alto verão. Uma turma “uniforme” de amigos fiéis, sanduíiiiiche natural e de falafel, muito biscoito Globo, uma cabana de guarda-sóis nos abrigando do Sol escaldante. Nada poderia dar errado. Mentira. Não que a vida tenha que ser sempre perfeitinha. Mas é duro de engolir quando tudo está tão perfeito e um piano cai em nossas cabeças. Como quando aqueles malditos urubus esbarram nas turbinas do avião e as fazem explodir (mas isso é outra história…..)
A verdade é que o azar está sempre à espreita, de mãos dadas com o destino, a nos pregar peças. E foi assim que nossa paz foi interrompida por um urubu. Chega Márcio, amigo da amiga de um amigo de um amigo e não sei mais o quê. E pior: traz amigos seus. Tinha passado a noite fervendo em uma dessas festas “alucinantes”, na acepção mais correta do termo. Uma chuveirada de Ecstasy e Cocaína. Chegou, ocupou cadeira que já tinha dono. Comeu do meu biscoito Globo. Tomou gatorades por nossa conta. Falava pelos cotovelos. E não apenas falava muito, mas falava muito lixo. Era praticamente um vomitador de letras contorcidas, que em meio aos contorcimentos, cuspia vantagens de suas viagens maravilhosas, tanto as de avião como as de drogas e suas peripécias sexuais mirabolantes. Narciso incorporou. E ali ficou.
O curioso foi o clima que se estabeleceu. Bizarro. Um silêncio angustiante, nauseante. Todos ou quase todos desconfortáveis com o parlatório. Após longa e tenebrosa, estadia em nossa barraca, Márcio decidiu partir. Tinha que descansar para se refazer para uma outra “balada forte”, em suas palavras. Foi ele deixar nossa “tenda”, suspiros aliviados e uma gargalhada coletiva (com lágrimas) invadiu nosso mundinho. Legal mesmo foi descobrir que o Gatorade ficou por nossa conta. Ainda bem que não tinha Perrier.
Esse encontro desconfortável terminou, mas a presença deles em nossas vidas não havia se esgotado. Lembrei-me quando viajava para a casa de praia de meu avô e, no caminho pisava em placas de piche. Lavava, raspava, esfolava. Mas as placas de piche demoravam a sair.
Passado alguns meses, encontrei o amigo que o convidara para chegar à nossa barraca. Sentamos em um bar com outras pessoas e ele, encantado com essa figura, disse que ele não poderia ir a uma festa que iríamos porque estava no Caribe. Seus olhos brilhavam ao falar dele, como era chique, famoso, influente e viajador. Não fiquei com inveja nem nada. Apenas não cabia na cabeça como alguém normal poderia ser tão encantado com alguém tão anormal. Na semana da tal festa, fui a um restaurante que costumo ir com frequência. Qual não foi minha surpresa ao encontrar o tal chatonildo por lá. Nossos olhares se cruzaram através de um espelho, e percebi que ele fazia um esforço para lembrar de mim e voltava varias vezes ao espelho para me encarar de novo e de novo. Sem o menor esforço, não fiz nenhuma questão de cumprimentá-lo ou solucionar a sua dúvida cruel. Ãs vezes, o melhor presente que podemos oferecer é o benefício da dúvida.
Uma semana após, esse amigo fez aniversário. Convidou todo mundo, inclusive o “tal” Márcio. Como meus ferrões de escorpião estavam mui afiados, tinha que destilar o veneninho basico para recuperar minha homeostase. Aproximei-me do meu amigo e, apontando para Márcio, perguntei: “Eu conheço aquele cara de algum lugar, quem é ele mesmo?”. Feliz e contente com meu interesse, meu amigo respondeu: “É o Márcio, aquele meu amigo…ele estava no Rio com a gente!”. E então destilei todo o veneno, de uma vez só: “Ah, bem que eu lembrava…. Encontrei-o num restaurante na semana passada, olhava para a cara dele e não conseguia me lembrar….”. A cara de meu amigo caiu no chão, branca feito uma folha de papel. Foi assim que desmascarei o tal amigo que, ao invés de ser sincero e dizer que não ia à tal festa e pronto, precisou mentir que estaria no Caribe.
Nunca mais encontrei o tal. Mas fiquei pensando numa coisa: por que as pessoas mentem tanto? E acredito que a verdade é sempre um Tabu. Não acho que seja certo mentir, mas nos dias de hoje, falar a verdade é sinônimo de burrice, de ingenuidade. Por mais contratempos que a mentira possa gerar, ela é universalmente aceita, pelo simples fato de que não podemos dizer o que pensamos ou desejamos, por medo da incompreensão ou da retaliação. Mas continuo achando que a mentira tem pernas curtíssimas….
A verdade é que o azar está sempre à espreita, de mãos dadas com o destino, a nos pregar peças. E foi assim que nossa paz foi interrompida por um urubu. Chega Márcio, amigo da amiga de um amigo de um amigo e não sei mais o quê. E pior: traz amigos seus. Tinha passado a noite fervendo em uma dessas festas “alucinantes”, na acepção mais correta do termo. Uma chuveirada de Ecstasy e Cocaína. Chegou, ocupou cadeira que já tinha dono. Comeu do meu biscoito Globo. Tomou gatorades por nossa conta. Falava pelos cotovelos. E não apenas falava muito, mas falava muito lixo. Era praticamente um vomitador de letras contorcidas, que em meio aos contorcimentos, cuspia vantagens de suas viagens maravilhosas, tanto as de avião como as de drogas e suas peripécias sexuais mirabolantes. Narciso incorporou. E ali ficou.
O curioso foi o clima que se estabeleceu. Bizarro. Um silêncio angustiante, nauseante. Todos ou quase todos desconfortáveis com o parlatório. Após longa e tenebrosa, estadia em nossa barraca, Márcio decidiu partir. Tinha que descansar para se refazer para uma outra “balada forte”, em suas palavras. Foi ele deixar nossa “tenda”, suspiros aliviados e uma gargalhada coletiva (com lágrimas) invadiu nosso mundinho. Legal mesmo foi descobrir que o Gatorade ficou por nossa conta. Ainda bem que não tinha Perrier.
Esse encontro desconfortável terminou, mas a presença deles em nossas vidas não havia se esgotado. Lembrei-me quando viajava para a casa de praia de meu avô e, no caminho pisava em placas de piche. Lavava, raspava, esfolava. Mas as placas de piche demoravam a sair.
Passado alguns meses, encontrei o amigo que o convidara para chegar à nossa barraca. Sentamos em um bar com outras pessoas e ele, encantado com essa figura, disse que ele não poderia ir a uma festa que iríamos porque estava no Caribe. Seus olhos brilhavam ao falar dele, como era chique, famoso, influente e viajador. Não fiquei com inveja nem nada. Apenas não cabia na cabeça como alguém normal poderia ser tão encantado com alguém tão anormal. Na semana da tal festa, fui a um restaurante que costumo ir com frequência. Qual não foi minha surpresa ao encontrar o tal chatonildo por lá. Nossos olhares se cruzaram através de um espelho, e percebi que ele fazia um esforço para lembrar de mim e voltava varias vezes ao espelho para me encarar de novo e de novo. Sem o menor esforço, não fiz nenhuma questão de cumprimentá-lo ou solucionar a sua dúvida cruel. Ãs vezes, o melhor presente que podemos oferecer é o benefício da dúvida.
Uma semana após, esse amigo fez aniversário. Convidou todo mundo, inclusive o “tal” Márcio. Como meus ferrões de escorpião estavam mui afiados, tinha que destilar o veneninho basico para recuperar minha homeostase. Aproximei-me do meu amigo e, apontando para Márcio, perguntei: “Eu conheço aquele cara de algum lugar, quem é ele mesmo?”. Feliz e contente com meu interesse, meu amigo respondeu: “É o Márcio, aquele meu amigo…ele estava no Rio com a gente!”. E então destilei todo o veneno, de uma vez só: “Ah, bem que eu lembrava…. Encontrei-o num restaurante na semana passada, olhava para a cara dele e não conseguia me lembrar….”. A cara de meu amigo caiu no chão, branca feito uma folha de papel. Foi assim que desmascarei o tal amigo que, ao invés de ser sincero e dizer que não ia à tal festa e pronto, precisou mentir que estaria no Caribe.
Nunca mais encontrei o tal. Mas fiquei pensando numa coisa: por que as pessoas mentem tanto? E acredito que a verdade é sempre um Tabu. Não acho que seja certo mentir, mas nos dias de hoje, falar a verdade é sinônimo de burrice, de ingenuidade. Por mais contratempos que a mentira possa gerar, ela é universalmente aceita, pelo simples fato de que não podemos dizer o que pensamos ou desejamos, por medo da incompreensão ou da retaliação. Mas continuo achando que a mentira tem pernas curtíssimas….
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