Blog do Doutor Fofinho

"Tudo começou há algum tempo atrás na Ilha do Sol..." Há muitos anos eu montei esse blog, dando o nome "Le Cul du Tabou", inspirado por uma amiga, para falar sobre o tabu das coisas. Ganhei muitos seguidores, mas desde 2018 não escrevi mais nele. Estou retomando, agora com novo nome, o "Blog do Doutor Fofinho", muito mais a minha cara, minha identidade. Sejam bem vindos.

Sunday, November 28, 2010

BANZO


Ando meio “esvaziado” esses dias. Depois do lançamento do meu primeiro livro, “Prosas, macumba e cafezinho”, passei uns dias totalmente preenchido de felicidade e sentimentos de realização. E tentei encontrar alguma coisa que pudesse escrever, mas nenhuma inspiração, nenhuma idéia conseguiu chegar aos pés até então desse momento incrível na minha vida. Essa emoção só foi comparável aos momentos mais marcantes da minha vida, como quando conheci o meu grande e único amor, no dia da formatura da minha irmã ou quando nasceram meus dois sobrinhos, Pedro e Felipe.

Eu ainda estou tomado dessa emoção. Sim, porque além da sensação de realização ao ver meu livro “corporificado”, materializado, com capa, página, desenho, a noite de autógrafos foi repleta de emoções , porque fui divinamente agraciado com a presença de pessoas muito, muito especiais. Não quero ficar citando cada uma delas; porque eu sei e elas sabem o quanto elas significam em minha vida.

No meio de tanta alegria, tem sim, um fiozinho de tristeza, de saudosismo por aquelas pessoas que não estavam lá. Faz muito pouco tempo que conheci a palavra “banzo”. Ouvi da boca de um amigo, que me explicou o significado e, no mesmo dia, ouvi de outras três pessoas a mesma palavra. E foi esse fiozinho de banzo que eu senti, misturado no meio daquela alegria toda: saudades, tristes saudades dos vivos e dos mortos que não puderam me visitar naquele momento. Eu também senti isso no dia da minha formatura. Estava cheio de felicidade, mas uma gota de saudade em forma de lágrima sentiu a falta do meu avô Armando. Morto naquele mesmo ano, não pode estar lá. Talvez estivesse; mas ateu que estava naquela época, não pude senti-lo. Talvez aquela lágrima fosse dele ou, quem sabe, de nós dois, fundidas.

Quando concluí o Mestrado, minha co-orientadora me presenteou com um texto lindo, do Roberto Cardoso de Oliveira, chamado “O ofício do etnólogo: ou como ter o anthropological blues”. E era sobre isso que o texto falava. Do banzo, da tristeza, da sensação de vazio e inutulidade ao terminarmos um grande trabalho. Eu já tive vários “anthropological blues” e fico sempre me perguntando: para quê isso? Será que isso é porque somos sempre insatisfeitos? Será que é um desequilíbrio biológico? Perguntas sem resposta, como várias em nossas vidas... Mas a tristeza é apenas uma parte. Quis dividi-la, pra ver se ela fica pequenininha e sobra espaço pra um monte de coisa boa.

Há exatamente uma semana, nesse mesmo horário, estava no avião, voltando de Manaus para São Paulo. Nas poltronas ao meu lado, voltaram duas amigas judias que falaram a viagem inteira. Falavam muito e muito alto. Nem mesmo o fone de ouvido sufocava a falação. Ao invés de ficar irritado, passei boa parte do tempo prestando atenção na conversa delas, o que foi bastante útil. Uma delas, ao contar sobre a empregada evangélica (“goi”) que tomava conta de sua mãe louca, usou uma palavra que até agora não consegui lembrar (Judeus do mundo, uni-vos a me ajudar com a lembrança!). Ela dizia que a tal empregada cuidava da mãe louca com tal devoção que parecia até que era seu.... “bashert”? “marohke”?

Sem lembrar qual era exatamente a palavra, consegui absorver o sentimento, que continua me rondando. Obstinação, destino, ser feito para isso, sina, karma. Fiquei preso à energia de uma palavra que me diz respeito: escrever é meu destino. Talvez não seja o único, mas é algo muito importante, que me completa e me faz feliz. Mesmo nos momentos mais difíceis da vida, onde parecia não haver esperanças, eu estive escrevendo.

Conheço várias pessoas muito hábeis com a escrita e que abandonam, desprezam, sentem vergonha de mostrar suas produções. Já fiz muito isso. Já joguei textos fora, achando que estavam ruins ou que faziam parte do passado. Hoje não jogo nem uma linha fora. Guardo no computador, na agenda, na capa de um livro. Podem, de fato, não servirem para nada depois, mas mesmo essa efêmera existência não é desprovida de significado. É uma folhinha que se descolou da árvore no outono. Pode estar morta, mas ainda assim tem cor, textura, cheiro e é matéria orgânica que servirá de adubo para as que virão.

E assim eu encorajo, estimulo, repreendo todos que eu encontro e que desprezam suas obras. Acho que toda escrita tem que ter uma morada, que seja um blog, uma parede, uma capa de livro. Uma lágrima e um mar são exatamente a mesma coisa em dimensões distintas. Uma simples frase pode ser o pedaço de um grande épico ou pode se tornar célebre e inesquecível por si só.

Outro dia ouvi uma música que falava que “cada um sonha sonhos à sua maneira”. Adorei a música, mas muito mais adorei essa frase, que diz tudo sem falar muito. E cada um escreve, em verso, prosa, poesia, crônica, conto ou seja lá o que for, um pedaço de uma canção que é a canção própria da sua alma, tal e qual os sonhos que sonhamos.

Enfim: é nesse bailado de “banzo”, nessa melancoliazinha boa que termino meu domingo, poupando-me das abobrinhas do Faustão ou da hipnose mortuária da trilha sonora do Fantástico. Aqui, sentado em meu sofá, na sala da minha casa, que já testemunhou tanta inspiração, vejo a noite chegar, escurecendo tudo ao meu redor. Fora a escuridão, restam acesos meu abajur, o teclado do meu computador e a minha consciência.

Thursday, November 25, 2010

PROSAS, MACUMBA E CAFEZINHO

Saturday, November 20, 2010

FEICEDUQUE ("IT'S A SMALL WORLD")

"Para ser feliz é preciso ter / esse céu azul na imensidão / é fazer da tristezas estrelas a mais / e do pranto uma canção / há um mundo bem melhor / todo feito pra você / é um mundo pequenino que a ternura fez / há um mundo bem melhor / todo feito pra você / é um mundo pequenino que a ternura fez"
(Mundo pequenino, Disneyland)



Eu tenho pensado muito na pequenez do mundo. Na verdade, nas várias delas. A primeira e mais óbvia, a pequenez do mundo que propicia reencontros,que faz com que encontremos pessoas de todos os tipos de relações nos mais diferentes lugares. Tenho um amigo que encontra sempre uma mesma amiga de faculdade nos mais diferentes aeroportos e lugares do mundo. O pior de tudo é que ela é chata! Hoje em dia, tem ficado atento para perceber a presença dela antes que ela o detecte, mas é quase impossível. Eu mesmo já presenciei alguns desses encontros. Ela é daquele tipo de garota "patilene", fútil, aguada, "dinheiro-orientada". E o pior: conserva o péssimo e ridículo hábito de contar histórias das diversas pseudo-celebridades com as quais convive falando nomes e sobrenomes compridos de todas elas, como se ainda estivesse na primeira série do primário. Mais ou menos assim:

- Fernando Augusto de Araújo Pinto! Que bom te ver! Tá indo pra onde? Paris? Eu também! Vou ficar na casa da Juliana Fonseca Meireles Porto de Miranda Carvalho! Você não sabe com quem eu jantei no Fasano ontem! A Maria Adelaide Fernandez Braga de Alcântara Souza e Silva! Até falamos de você, porque a trufa negra dela escorregou do prato e me lembrei quando o chiclete caiu da sua boca naquele dia da piscina na casa do Ricardo Atílio Pinheiro Neto Sobrinho Filho Gutierrez Prado Fonseca! E você tem visto o Marcelo Franco Toledo Perez?

E por aí vai. Sempre que viajo, encontro gente conhecida. Já encontrei no avião, nos aeroportos do mundo, em restaurantes descolados. Colegas de faculdade, de escola, gente de todo tipo de relações. A coisa mais chata que existe é encontrar gente desagradável conhecida e ficar naquele impasse de convidar ou não para sentar na mesma mesa. Claro que faz tempo que levo um lema comigo. Já pastei muito, já comi muita grama nessa vida. Por que eu teria que me sentir obrigado a suportar uma pessoa chata estragando meu jantar? Não preciso disso. Não sou político, não sou e não serei candidato a coisa nenhuma e só faço lobby com aquilo que realmente necessito. E haja Omeprazol.

Também tem as coincidências cibernéticas. O tempo todo tem gente se cruzando em sites de relacionamento, salas de bate-papo e afins. Uma amiga minha se cadastrou, logo após o fim de um namoro, num site desses. Par Perfeito, Match Point, Loucura Ideal, sei lá, qualquer um desses. E adivinha quem foi o primeiro sujeito que ela encontra no site? Seu ex-namorado. Coincidência? Tramóia? Almas gêmeas? Sei lá.

E tem aquelas pessoas que encontramos nos lugares inusitados. Virou e mexeu encontro pacientes em lugares que costumo frequentar. Restaurantes, bares, boates, livrarias. Já encontrei paciente na feira, na igreja, em festa de parente e em banheiro de shopping center.

O mundo é realmente muito grande e muito pequeno ao mesmo tempo. Magia, coincidências, inconsciente coletivo, destino, karma, perseguições, sortes, azares. Um montão de coisas incontroláveis, palpáveis ou não, promovem esse tipo de encontros. Independentemente se a experiência advinda do encontro é boa ou má, somos levados a refletir sobre elas. Somos vítimas, algozes ou colaboradores dessas experiências interpessoais contínuas. Agradáveis ou não, gosto dessas experiências, ao menos porque configuram assuntos altamente blogáveis.

Outro dia ouvi uma história interessante e, como quase sempre acontece, bloguei, tomando os devidos cuidados para que a vitima-amiga não fosse desvendada. O que ocorre é que, mesmo em disfarces, é quase impossível que a pessoa não se reconheça nas coisas que falo sobre elas. Nada grave e cuidado comigo.

Ainda falando em pequenez, tenho pensado mais ainda sobre como as pessoas do mundo são pequenas. Em tempos de realidades virtuais, somos "forçados" a conhecer melhor diversas pessoas com quem temos ou já mantivemos algum tipo de relacionamento, ainda que fugaz. Tenho visto todo tipo de coisa. Tenho tido a oportunidade de conhecer melhor pessoas com quem mantinha contato profissional restrito e daí derivam todo tipo de impressões que podem circular da admiração à total decepção irrestrita. Esse tipo de contato também se presta a confirmar todo o tipo de idiotia e desvios de caráter outrora diagnosticados.

Os assassinatos à literatura também são infelizmente frequentes. É impressionante a quantidade de pessoas que escreve errado, que escreve mal, que se auto-envergonha. Mas em pais que até palhaço analfabeto vira deputado, sempre se encontra desculpa para tudo. E a desculpa mais comum para a “crassidão” literária são os erros de digitação ou a auto-digitação dos smartphones.

É bem capaz que existam pessoas que achem meus comentários, meus papos, minhas fotos enfadonhos, nada interessantes, esnobes. Isso, eu, os legais e as bestas temos quase todos em comum: ninguém está nem aí.

Vivemos numa época em que podemos falar, com ou sem pseudônimos, quase tudo o que sentimos e pensamos. Outro dia contei a um amigo que estava publicando o meu primeiro livro. Ele me perguntou: "Você não tem medo da exposição?" E eu respondi: "Quem quiser que me compre". E penso isso. Quem me quiser como amigo, como médico, como professor, como seja lá o que for, que me queira desse jeito que eu sou, sem ressalvas. E assim tenho caminhado. E muito bem.

Considerando que sou assim mesmo, "pimentoso", como ouvi falarem sobre as comidas em Manaus, acabo tornando a vida muito mais divertida acompanhando as imbecilidades em tempo real de alguns “feicibucandos”. Não, hoje eu não posso explicar mais o tema, mas fico sempre olhando para esse tema e para essa pessoa que só fala sobre isso e me pergunto: "Como pode? Do que vive esse ser? Como é que pode só falar disso?" E subentenda-se "disso" um monte de coisas absolutamente vazias de maior sentido e que guardam “profunda” conexão entre si.

Essa vou ter que deixar no anonimato. Muita gente deve estar pensando: “Meus Deus, sobre o que ele está falando? Será que é de mim, da minha coisa?” Pode ser, pode não ser.

Nem estou criticando a liberdade de expressão “feicibucal”, da qual eu também usufruo continuamente. Acho um espaço fantástico de troca, de propaganda, de exibicionismo, de fetiche, de briga, de fofoca, de declarações de amor, ódio, dor ou preguiça. É um espaço humano por excelência.

E vejo tanta gente diferente falando de assuntos os mais diferentes. Mas me preocupa o monotema hipoculturado autocentrado.

Ai! Como eu queria poder falar, desabafar, falar mal. Mas ando amoroso demais para espalhar ódio ultimamente.

De qualquer forma, está dado o recado, de forma subliminar. Espero que as ondas radioativas dessa blogagem alcancem a mente pálida do meu alvo e de seus seguidores.

Saturday, November 13, 2010

PROSAS, MACUMBA E CAFEZINHO


Taí. Tá quase pronto. Dia 24/11/2010, a partir das 19h, na Livraria da Vila - Loja Lorena, lanço meu primeiro livro de contos e poesias. Espero que vocês gostem!

PROSAS, MACUMBA E CAFEZINHO tem um pouco de tudo: tem contos, tem poesias, tem declarações de amor, tem coisas sobrenaturais. De uma forma bem-humorada, o autor percorre criativamente pelo imaginário dos cultos afro-brasileiros, trazendo, através de histórias contadas, vividas e inventadas, um presente ao leitor. Sente-se no sofá , na rede, na cama. Fique confortável. Pegue um cafezinho. Relaxe e curta essa viagem.

Nessa obra foram selecionados textos com uma temática comum: o imaginário das religiões afro-brasileiras. Cada Orixá, cada Guia, cada experiência vivida, sabida ou imaginada fala um pouco da própria vida do autor, dos seus amigos, de suas viagens, suas paixões, seus sonhos.

Monday, November 08, 2010

ESTRADAS DE RECONCILIAÇÃO


Eu choro por coisas bobas. Choro quando o animalzinho se perde da mãe na floresta no desenho animado. Choro quando os casais apaixonados se encontram no final do romance ou quando o mocinho morre no final. Choro quando vejo alguém chorando, mesmo que não saiba o motivo. Quando ouço músicas tristes, daquelas que cantam dores ardidas no peito.

Choro também por coisas importantes. Choro de saudade quando meu amor está demorando muito para chegar, mesmo sabendo que ele sempre chega; choro discretamente quando perco alguém de vista numa aglomeração, por medo, por insegurança.

Sou, portanto, um chorão confesso. Mas eu não choro só por coisas menores. Chorei quando morreram meus avós, quando minha grande amiga foi embora do país e quando pensei que meu amor havia morrido porque dormia profundamente e não abria a porta de casa.

Já faz quase um ano, chorei muito ao ver uma pessoa que amo em pleno processo de auto-destruição. Chorei dia seguidos, por culpa, por pena, por frustração, por desespero. Não cheguei a escrever o que pensava na época, mas sei que se tivesse postado algum texto, ele se chamaria "Estrada da Perdição".

E hoje, depois de vários meses passados, volto ao ponto de partida pra me encontrar com a emocionante cena de ver caminhos concertados. E me emocionei. Não chorei em lágrimas o quanto a alma mandava, porque não quis dar vexame público. Mas a alma chorava muito, como se lavasse uma antiga ferida que sangrava há tempos, mas não podia parar para curá-la. Isso me lembra uma vez que estava em meu trabalho no aeroporto e um colega chegou em meio a uma tempestade. Ensopado, se enxugou com folhas de papel toalha e tirou seus coturnos. Cheirando muito mal e encharcados, estavam seus pés, cheios de bolhas úmidas, embrulhados em folhas de jornal. Acho que fiz isso com essa ferida. Embrulhei-a em jornal velho, tentando ocultar de todos e de mim mesmo a dor e o desconforto que ela causava.

A ferida não está curada, do mesmo jeito que os problemas que rondam esses acontecimentos não estão resolvidos. Mas, tanto um quanto o outro se encontram à mostra. Arejados. Abertos. Secando ao Sol, que o Astro-Rei que tudo cura, que ajuda a secar as feridas, que não deixa que os bolores se proliferem, que alimenta as plantas para que elas floresçam e a alma, para que ela se enriqueça.

É nesse momento que me vejo em plena reconciliação com minhas origens.

Faz algum tempo, ganhei de uma amiga um livro de Mia Couto, chamado "Um rio chamado vida, uma casa chamada terra". Como ela mesma disse, o livro era o presente ideal para mim, pois era uma história contada de um avô para seu neto. Chorei em vários momentos da leitura, fui lendo aos poucos, conforme arranjava tempo e sobrou só um pedacinho dele, o finalzinho mais finalzinho para ler nessa última viagem. De forma que não acredito em coincidências, foi nesse momento tão importante da minha vida que leio o final do livro e descubro que o avô não é avô: ele é pai. Já me sentia tão identificado com aquela história de avô que era mais pai do que o próprio pai e cheguei a fantasiar sendo filho de uma outra mãe, com aquele meu verdadeiro pai-avô sendo pai mesmo.

Como diz a música "Xingú", "minha loucura tem trilha sonora". Foi ouvindo músicas de missa, embalada por violões e vozes dentro de uma missa, que esse rio de lágrimas e sorrisos foi lavando minha alma, minha vida, minhas lembranças. Passei rapidamente por diversos acontecimentos, dores e alegrias, dificuldades e realizações, refletindo sobre tudo o que passou para que eu chegasse até ali.

A música falava de um trecho da Bíblia que conta a história de Zaqueu, que significa "puro", mas que era um judeu desonesto que cobrava os impostos para os romanos e sobe numa figueira para conseguir ver o Cristo. Não, não aderi novamente ao catolicismo e tampouco à Revolução Carismática. Naquela hora, nem entendia o que dizia a música, tampouco sabia qualquer coisa sobre Zaqueu; mas aquele energia tocou sinceramente o meu coração. É nisso que acredito: que Deus está presente em todos os lugares e crenças. Como no cântico que ouvi na Festa de São Lázaro, esse ano, em Salvador: “Quando eu cheguei por aqui, meu senhor já estava”; é porque ele está em todos os lugares, para onde quer que possamos ir e basta, como Zaqueu, “subir na árvore”, elevar um pouco o nosso olhar, e lá O encontraremos.

Mais tarde, ainda nessa “vibe” celestial, foi continuar meu papo com Deus à minha maneira. Desci à praia, me banhei no mar, rezei e agradeci carregado pelas ondas. Esse Deus que está no mar é o mesmo Deus que está na Igreja ou qualquer outro templo, porque ele realmente está em todos os lugares; mas para mim, é nas coisas da natureza que o sinto mais próximo e mais vivo.

E foi essa a Estrada que percorri e tenho percorrido nesses últimos tempos. Fiz as pazes com Deus, com meu sangue, com minhas origens. Acabou que fiz as pazes comigo mesmo, porque sou isso, sou tudo isso.