FEICEDUQUE ("IT'S A SMALL WORLD")

(Mundo pequenino, Disneyland)
Eu tenho pensado muito na pequenez do mundo. Na verdade, nas várias delas. A primeira e mais óbvia, a pequenez do mundo que propicia reencontros,que faz com que encontremos pessoas de todos os tipos de relações nos mais diferentes lugares. Tenho um amigo que encontra sempre uma mesma amiga de faculdade nos mais diferentes aeroportos e lugares do mundo. O pior de tudo é que ela é chata! Hoje em dia, tem ficado atento para perceber a presença dela antes que ela o detecte, mas é quase impossível. Eu mesmo já presenciei alguns desses encontros. Ela é daquele tipo de garota "patilene", fútil, aguada, "dinheiro-orientada". E o pior: conserva o péssimo e ridículo hábito de contar histórias das diversas pseudo-celebridades com as quais convive falando nomes e sobrenomes compridos de todas elas, como se ainda estivesse na primeira série do primário. Mais ou menos assim:
- Fernando Augusto de Araújo Pinto! Que bom te ver! Tá indo pra onde? Paris? Eu também! Vou ficar na casa da Juliana Fonseca Meireles Porto de Miranda Carvalho! Você não sabe com quem eu jantei no Fasano ontem! A Maria Adelaide Fernandez Braga de Alcântara Souza e Silva! Até falamos de você, porque a trufa negra dela escorregou do prato e me lembrei quando o chiclete caiu da sua boca naquele dia da piscina na casa do Ricardo Atílio Pinheiro Neto Sobrinho Filho Gutierrez Prado Fonseca! E você tem visto o Marcelo Franco Toledo Perez?
E por aí vai. Sempre que viajo, encontro gente conhecida. Já encontrei no avião, nos aeroportos do mundo, em restaurantes descolados. Colegas de faculdade, de escola, gente de todo tipo de relações. A coisa mais chata que existe é encontrar gente desagradável conhecida e ficar naquele impasse de convidar ou não para sentar na mesma mesa. Claro que faz tempo que levo um lema comigo. Já pastei muito, já comi muita grama nessa vida. Por que eu teria que me sentir obrigado a suportar uma pessoa chata estragando meu jantar? Não preciso disso. Não sou político, não sou e não serei candidato a coisa nenhuma e só faço lobby com aquilo que realmente necessito. E haja Omeprazol.
Também tem as coincidências cibernéticas. O tempo todo tem gente se cruzando em sites de relacionamento, salas de bate-papo e afins. Uma amiga minha se cadastrou, logo após o fim de um namoro, num site desses. Par Perfeito, Match Point, Loucura Ideal, sei lá, qualquer um desses. E adivinha quem foi o primeiro sujeito que ela encontra no site? Seu ex-namorado. Coincidência? Tramóia? Almas gêmeas? Sei lá.
E tem aquelas pessoas que encontramos nos lugares inusitados. Virou e mexeu encontro pacientes em lugares que costumo frequentar. Restaurantes, bares, boates, livrarias. Já encontrei paciente na feira, na igreja, em festa de parente e em banheiro de shopping center.
O mundo é realmente muito grande e muito pequeno ao mesmo tempo. Magia, coincidências, inconsciente coletivo, destino, karma, perseguições, sortes, azares. Um montão de coisas incontroláveis, palpáveis ou não, promovem esse tipo de encontros. Independentemente se a experiência advinda do encontro é boa ou má, somos levados a refletir sobre elas. Somos vítimas, algozes ou colaboradores dessas experiências interpessoais contínuas. Agradáveis ou não, gosto dessas experiências, ao menos porque configuram assuntos altamente blogáveis.
Outro dia ouvi uma história interessante e, como quase sempre acontece, bloguei, tomando os devidos cuidados para que a vitima-amiga não fosse desvendada. O que ocorre é que, mesmo em disfarces, é quase impossível que a pessoa não se reconheça nas coisas que falo sobre elas. Nada grave e cuidado comigo.
Ainda falando em pequenez, tenho pensado mais ainda sobre como as pessoas do mundo são pequenas. Em tempos de realidades virtuais, somos "forçados" a conhecer melhor diversas pessoas com quem temos ou já mantivemos algum tipo de relacionamento, ainda que fugaz. Tenho visto todo tipo de coisa. Tenho tido a oportunidade de conhecer melhor pessoas com quem mantinha contato profissional restrito e daí derivam todo tipo de impressões que podem circular da admiração à total decepção irrestrita. Esse tipo de contato também se presta a confirmar todo o tipo de idiotia e desvios de caráter outrora diagnosticados.
Os assassinatos à literatura também são infelizmente frequentes. É impressionante a quantidade de pessoas que escreve errado, que escreve mal, que se auto-envergonha. Mas em pais que até palhaço analfabeto vira deputado, sempre se encontra desculpa para tudo. E a desculpa mais comum para a “crassidão” literária são os erros de digitação ou a auto-digitação dos smartphones.
É bem capaz que existam pessoas que achem meus comentários, meus papos, minhas fotos enfadonhos, nada interessantes, esnobes. Isso, eu, os legais e as bestas temos quase todos em comum: ninguém está nem aí.
Vivemos numa época em que podemos falar, com ou sem pseudônimos, quase tudo o que sentimos e pensamos. Outro dia contei a um amigo que estava publicando o meu primeiro livro. Ele me perguntou: "Você não tem medo da exposição?" E eu respondi: "Quem quiser que me compre". E penso isso. Quem me quiser como amigo, como médico, como professor, como seja lá o que for, que me queira desse jeito que eu sou, sem ressalvas. E assim tenho caminhado. E muito bem.
Considerando que sou assim mesmo, "pimentoso", como ouvi falarem sobre as comidas em Manaus, acabo tornando a vida muito mais divertida acompanhando as imbecilidades em tempo real de alguns “feicibucandos”. Não, hoje eu não posso explicar mais o tema, mas fico sempre olhando para esse tema e para essa pessoa que só fala sobre isso e me pergunto: "Como pode? Do que vive esse ser? Como é que pode só falar disso?" E subentenda-se "disso" um monte de coisas absolutamente vazias de maior sentido e que guardam “profunda” conexão entre si.
Essa vou ter que deixar no anonimato. Muita gente deve estar pensando: “Meus Deus, sobre o que ele está falando? Será que é de mim, da minha coisa?” Pode ser, pode não ser.
Nem estou criticando a liberdade de expressão “feicibucal”, da qual eu também usufruo continuamente. Acho um espaço fantástico de troca, de propaganda, de exibicionismo, de fetiche, de briga, de fofoca, de declarações de amor, ódio, dor ou preguiça. É um espaço humano por excelência.
E vejo tanta gente diferente falando de assuntos os mais diferentes. Mas me preocupa o monotema hipoculturado autocentrado.
Ai! Como eu queria poder falar, desabafar, falar mal. Mas ando amoroso demais para espalhar ódio ultimamente.
De qualquer forma, está dado o recado, de forma subliminar. Espero que as ondas radioativas dessa blogagem alcancem a mente pálida do meu alvo e de seus seguidores.
0 Comments:
Post a Comment
<< Home