CASA DE REBOCO
Outubro de 2002. Fui para Recife a trabalho. Durante o dia trabalhávamos bastante, mas à noite, chegava a hora de perder a compostura. Cada noite íamos a um lugar diferente: bares, restaurantes, quiosques de praia. Foi quando duas amigas sugeriram que fôssemos dançar forró.
- Tô fora! – eu disse – Detesto forró! Prefiro ficar aqui no quiosque da praia.
- Ah...vamos, vai... Vai ser legal, tem um lugar que o pessoal do hotel recomendou, chama “Casa de Reboco”... é um lugar típico aqui....
Tanto insistiram que acabei indo com elas. No final, eram seis mulheres e apenas eu de homem. Pegamos dois táxis para acomodar todo mundo e quando já pensava que estávamos sendo enganados pelos taxistas devido à demora em chegar, avistamos a tal casa de forró. Era um bairro horroroso. Pobre, sujo, ruas de terra, casas populares, igrejas evangélicas. No meio de tudo isso, um galpão de cimento e uma fila na porta.
Realmente não era um lugar de turistas. Nem para turistas. Era um lugar rústico, sem nenhum tipo de preocupação com decoração ou estilo. Lá dentro, as pessoas dançavam, dançavam e, mal entramos, um bando de machos forrozeiros pularam em cima delas para dançar. Afinal, não é sempre que seis mulheres chegam praticamente desacompanhadas num lugar daqueles.
E lá se foram elas com os jagunços, dançando, sacodindo e, enquanto isso, fiquei tentando dar alguns passos com uma de minhas amigas. Após muitas risadas e pisões no pé, resolvemos desistir. Ficamos conversando e desatamos a contar as desgraças do passado de cada um. De repente, ouvimos uma gritaria. Vários dos jagunços se agarrando, mesas e garrafas voando pelo salão. Saímos correndo para a porta. O grupo de brigões veio em nossa direção. Corremos para o banheiro e chegamos à conclusão que morreríamos prensados lá dentro.
Os donos do lugar não permitiram que as pessoas saíssem sem pagar a conta e fomos com muito medo para a fila, temendo que sobrasse alguma bala perdida ou corte de facão. Nisso percebemos que nossa outra amiga havia desaparecido.
-Onde está ela? Será que aconteceu algo com ela? Ai, meu Deus, estou tão preocupada! – falava uma de minhas amigas
-Ela é maior de idade, vacinada e se não está aqui é porque é irresponsável. – disse eu.
Passado algum tempo, a amiga desaparecida chegou ao nosso lado na fila. Desesperada, minha amiga começou a gritar com ela:
-Onde você estava? O que aconteceu? Estava preocupada!
E ela, bêbada, disse:
-Calma, não aconteceu nada.... Não fica estressada! Eu fui pegar o meu cigarro que caiu lá no chão no meio da briga...
-Você ta louca? Não tem medo? – disse a outra.
-Calma, é só um homem que olhou para a mulher de outro homem...
E ficamos mais de uma hora na fila para pagar a conta. A briga acalmou, talvez minha amiga tivesse razão. Mas com certeza não piso mais em casa de forró.
- Tô fora! – eu disse – Detesto forró! Prefiro ficar aqui no quiosque da praia.
- Ah...vamos, vai... Vai ser legal, tem um lugar que o pessoal do hotel recomendou, chama “Casa de Reboco”... é um lugar típico aqui....
Tanto insistiram que acabei indo com elas. No final, eram seis mulheres e apenas eu de homem. Pegamos dois táxis para acomodar todo mundo e quando já pensava que estávamos sendo enganados pelos taxistas devido à demora em chegar, avistamos a tal casa de forró. Era um bairro horroroso. Pobre, sujo, ruas de terra, casas populares, igrejas evangélicas. No meio de tudo isso, um galpão de cimento e uma fila na porta.
Realmente não era um lugar de turistas. Nem para turistas. Era um lugar rústico, sem nenhum tipo de preocupação com decoração ou estilo. Lá dentro, as pessoas dançavam, dançavam e, mal entramos, um bando de machos forrozeiros pularam em cima delas para dançar. Afinal, não é sempre que seis mulheres chegam praticamente desacompanhadas num lugar daqueles.
E lá se foram elas com os jagunços, dançando, sacodindo e, enquanto isso, fiquei tentando dar alguns passos com uma de minhas amigas. Após muitas risadas e pisões no pé, resolvemos desistir. Ficamos conversando e desatamos a contar as desgraças do passado de cada um. De repente, ouvimos uma gritaria. Vários dos jagunços se agarrando, mesas e garrafas voando pelo salão. Saímos correndo para a porta. O grupo de brigões veio em nossa direção. Corremos para o banheiro e chegamos à conclusão que morreríamos prensados lá dentro.
Os donos do lugar não permitiram que as pessoas saíssem sem pagar a conta e fomos com muito medo para a fila, temendo que sobrasse alguma bala perdida ou corte de facão. Nisso percebemos que nossa outra amiga havia desaparecido.
-Onde está ela? Será que aconteceu algo com ela? Ai, meu Deus, estou tão preocupada! – falava uma de minhas amigas
-Ela é maior de idade, vacinada e se não está aqui é porque é irresponsável. – disse eu.
Passado algum tempo, a amiga desaparecida chegou ao nosso lado na fila. Desesperada, minha amiga começou a gritar com ela:
-Onde você estava? O que aconteceu? Estava preocupada!
E ela, bêbada, disse:
-Calma, não aconteceu nada.... Não fica estressada! Eu fui pegar o meu cigarro que caiu lá no chão no meio da briga...
-Você ta louca? Não tem medo? – disse a outra.
-Calma, é só um homem que olhou para a mulher de outro homem...
E ficamos mais de uma hora na fila para pagar a conta. A briga acalmou, talvez minha amiga tivesse razão. Mas com certeza não piso mais em casa de forró.
0 Comments:
Post a Comment
<< Home