Blog do Doutor Fofinho

"Tudo começou há algum tempo atrás na Ilha do Sol..." Há muitos anos eu montei esse blog, dando o nome "Le Cul du Tabou", inspirado por uma amiga, para falar sobre o tabu das coisas. Ganhei muitos seguidores, mas desde 2018 não escrevi mais nele. Estou retomando, agora com novo nome, o "Blog do Doutor Fofinho", muito mais a minha cara, minha identidade. Sejam bem vindos.

Sunday, September 27, 2009

TELEINVASÃO


Lembro do dia em que o primeiro telefone chegou em minha casa. Tinha cinco anos. Maio de 1979. Ele já estava pago há anos, mas nunca que chegava. Minha mãe já tinha comprado até aquela mesinha ridícula de telefone, com lugar pra sentar com assento de veludo verde, um “buraco” pra colocar listas telefônicas e uma porta-canetas. Antes disso, tínhamos que ir a um orelhão na esquina da rua de casa, com sol ou com chuva, com frio ou calor. Se nos atrasássemos a um compromisso, se houvesse um imprevisto, se mudássemos de idéia, ninguém tinha como saber. Isso porque, além de não existirem celulares e nem todo mundo ter telefone, havia lugares em que não havia orelhões, ou que os orelhões estavam quebrados. Mas acho que ninguém chegava a morrer de preocupação.

Passados alguns anos, todo mundo tinha telefone e depois surgiram os celulares e hoje é possível achar e ser achado em praticamente todos os lugares do mundo. Os celulares têm GPS. É possível achar o seu celular roubado e apagar suas informações a partir da tela do seu computador. Enfim, hoje somos dependentes das tecnologias da comunicação e, como toda dependência, começa dando prazer e depois acaba sempre em desgosto.

Com a popularização do telefone e com o barateamento dos custos das ligações às custas da fibra ótica, fomos invadidos pelas centrais de telemarketing, oferecendo produtos, serviços, promoções, liquidações, brindes, trotes, golpes. Até o PCC tem sua central, extorquindo dinheiro e créditos de celular através de ameaças de seqüestro e assassinato.

Mas à medida que o tempo vai passando, as empresas de vão mudando suas táticas de abordagem. Hoje, a “bola da vez” é ligar de telefones móveis ao invés de centrais telefônicas com números padrão, para “engabelar” o freguês. Ao atender a ligação, o atendente vem com um tom informal, como se fosse seu amigo, sem revelar inicialmente a empresa a que pertence. “Bom dia, Marcelo, você vai bem?”. Caí várias vezes nesse truque, porque sempre achava que era um paciente novo ou alguém de algum lugar que trabalho. Meia dúzia de ligações como essa, já sabia que podia bater o telefone na cara do sujeito.

Os bancos e os cartões de crédito também aderiram ao sistema. Atrevo-me a dizer que eles se tornaram grandes centrais de telemarketing. Ligam oferecendo serviços, empréstimos, seguros, previdências. E também fazendo cobranças.

Um caso interessante que ocorreu comigo foi o dos Cartões American Express. Há vários anos sou associado deles, sempre gostei da forma que eles se apresentam. Sempre achei sofisticado, polido, chique mesmo. Há uns dois anos atrás, uma atendente (digo: uma consultora.... é como os ex-atendentes, os ex-operadores são chamados agora.....podem ser chamados de analistas também!) ligou pra mim, oferecendo um novo cartão, chamado American Express Green, alegando ser um cartão exclusivo, diferenciado, com várias vantagens sobre o outro cartão regular. Tanto ela insistiu que resolvi aceitar. De fato ela tinha razão. É realmente exclusivo. Basta atrasar alguns dias o pagamento, liga a Jezebel (é o nome que darei agora às consultoras...), com aquele blá-blá-blá pseudo-simpático, para depois dizer: “O motivo da minha ligação é para averiguar o motivo da falta de pagamento da sua fatura vencida em....”. Como se não bastasse, ela continua: “Porque o senhor corre o risco de ter seu cartão cancelado e os serviços de proteção ao crédito acionados...” E ela finaliza: “Quero saber se o senhor VAI ESTAR FAZENDO o pagamento hoje” E quando digo que não, ela completa: “Então o senhor VAI ESTAR AGENDANDO pra quando?”. Isso é o que se pode chamar de INVASÃO DUPLA, porque não bastasse o telemarketing, sou obrigado a engoli-lo com gerundismos.

Outro dia me ligaram do BANCO REAL. Fiz uma viagem recente e, no aeroporto, tentei fazer um depósito em minha conta no caixa do SANTANDER, porque que agora eles fazem parte da MESMA BOSTA. Sendo assim, não consegui depositar, porque esse INCRÍVEL caixa eletrônico não conseguia fazer a leitura do meu cartão. Isso fez com que minha conta ficasse “vermelha”. Cheguei segunda-feira, faço os depósitos logo cedo. Problema resolvido. Na quinta-feira pela manhã, Jezebel liga pra mim dizendo que constava uma quantia em aberto,etc,etc,etc, fazendo as mesmas ameaças do AMEX GREEN (Será que eles são sócios? Ou será que a empresa de cobrança é a mesma? ).

Concluída a etapa das ameaças, Jezebel pergunta: “Posso saber o que aconteceu para o senhor deixar a conta ficar negativa? O senhor teve algum problema ou....” E nem deixei Jezebel responder. Disse: “Isso não é da conta de vocês”. Ela explicou que só estava querendo ajudar, mas percebeu que não poderia quando eu perguntei a ela se ela me ajudaria pagando os juros, me emprestando dinheiro ou depositando dinheiro na minha conta.

Mas não acaba por aí. Existem outros segmentos de mercado que aderiram à moda da tele-invasão. As redes de hotéis e empresas que vendem produtos de hotéis e restaurantes também empregam as últimas técnicas invasivas de invasão de privacidade. Há alguns anos, uma empresa chamada GOURMET&TRAVEL “pegou emprestado” o meu cadastro no Hotel Hilton e, um certo dia, liga uma “gerente de serviços” (A-há! Pensou que não tinha nenhum nome novo?), cheia de confiança e intimidade, me chamando de “Má” e ofereceu serviços de vouchers de hotéis, descontos em restaurantes e serviços. Uma bosta! Cada restaurante que eu ia, uma chateação com o uso do tal do cartão.

Passado algum tempo, a mesma inadequada liga pra mim, agora trabalhando para outra empresa, a rede de hotéis PESTANA. Acho que ela também “pegou emprestado” o meu cadastro e oferece serviços de descontos do hotel. Estava a decidido a não entrar mais nessa roubada, mas de tanto que ela insistiu, e com tantos brindes que ofereceu, acabei aceitando. Confesso que até gostei dos serviços que usei. Mas como esse texto não é sobre os serviços, e sim sobre a forma de oferecê-los, não vou entrar em detalhes. Após um ano, a Gerente Jezebel liga pra mim, simpaticíssima, dizendo que eu deixei vencer alguns vouchers, e que ela iria fazer a gentileza de renová-los para que eu pudesse usar e iria mandá-los pelo correio. Fiquei agradecido, mas logo após enraivecido, quando ela pergunta: “O seu cartão de crédito pra fazer o débito é o de número tal...?”. Surpreso, perguntei qual o motivo da pergunta e ela responde que era pra fazer a renovação da anuidade. Sim, porque para que ela me desse o “presente” de revalidar os vouchers vencidos, era preciso que eu renovasse a minha anuidade. Fiquei possesso. Senti que estava sento tomado por idiota e disse isso a ela. Pedi que não me ligasse nunca mais. É claro que isso não adianta. Passados uns quinze dias, uma nova “gerente” me liga com a mesma lorota, fazendo-se de desentendida.

Embora pareça, não estou criticando os atendentes de telemarketing. Eles também são vítimas de um sistema perverso, porque são obrigados a invadir as nossas vidas via telefone. Entretanto, porque é que não procuram outro tipo de trabalho? Vender panos de prato, fazer curso de manicure, sei lá! O que realmente me incomoda é a invasão diária em nossas vidas, tomando nosso tempo, causando irritação, violentando nossa liberdade.

Friday, September 25, 2009

PROSTITUIÇÃO.....


“Ela vai à luta de corpo inteiro / Ela faz de tudo / Ela faz ligeiro / As coisas que precisa, tudo o que quer / Se materializa uma mulher. (...) Ela nem se assusta, nem mesmo pisca / Sabe o quanto custa servir de isca / Quem sabe é mãe / Mãe da família / Ou quem sabe até é a sua própria filha...” (Música que não lembro o nome, de Paulo Ricardo, RPM)

Tenho pensado muito na prostituição ultimamente. Suas formas, suas armadilhas, seus meandros. Isso porque, vez ou outra, alguns assuntos “se aproximam” do meu imaginário por conta de acontecimentos e histórias reais, fazendo com que eu reflita sobre esses assuntos. Quando a ética permite, divido esses assuntos com vocês e eles viram “postagens”...

Como estava dizendo, a “bola da vez” é a prostituição... Muitas prostitutas passaram pela minha vida...er.... melhor dizendo... várias histórias de prostitutas e prostitutos chegaram até mim em períodos diferentes... Mas ultimamente as pessoas têm me contado mais histórias sobre isso e parei para refletir um pouco sobre o tema... Por quê? Não sei ao certo. Talvez não tenha explicação. Mas uma coisa que sempre me intrigou sobre a prostitução é que, quando era mais jovem, o senso comum e meus primeiros analistas tendiam a encarar a prostituição como uma prática auto-destrutiva, fruto de problemas de criação, abuso sexual, falta de oportunidades na vida, entre outras mazelas do mundo. Ou seja: sofrer essas mazelas deixaria como conseqüência a baixa auto-estima e faria com que a pessoa “encontrasse” a prostituição como forma de auto-flagelo.

O tempo foi passando, a experiência foi chegando e fui tomando proximidade de situações e pessoas que trabalhavam como prostitutas e prostitutos e não necessariamente possuíam histórias trágicas de vida e tampouco viviam à “beira do apocalipse” em vida. Conheci, de fato, pessoas que escolheram a prostituição como profissão, muitas vezes por um início “casual”, começando por uma “brincadeira”, ou mesmo pela necessidade de se sustentar numa situação de vida adversa e, pasmem, até encontrei pessoas que decidiram se prostituir porque perceberam que tinham “vocação” para fazer um bom sexo e decidiram ganhar dinheiro em cima disso...

Não, não estou dizendo que seja sempre um mar de rosas. Nem digo que não existam riscos, e até muitas pessoas cuja história de prostituição derivem dessa origem comum das tais mazelas humanas. Mas o fato é que, se ficarmos “presos” a essa única explicação, tendemos a ser preconceituosos e deixamos de ter uma visão mais global, plural sobre a vida.

Riscos, insatisfações, decepções, violência... isso pode ocorrer em maior ou menor grau em qualquer profissão. Até na Medicina. Há coisa de um mês atrás fui ameaçado de morte por uma pessoa, dentro do meu ambiente de trabalho e, devo dizer, por muito pouco não fui precocemente (pelo menos do meu ponto de vista) reunir-me com São Pedro. Filho de Xangô que sou, quero sim encontrar-me com São Pedro, São Gerônimo, São João e todas as variações sincréticas do meu santo protetor, mas não agora...

E por falar em Medicina, nem todo muito a faz por absoluta vocação, destino, missão ou predestinação. Conheço um médico – excelente, aliás – que confessou que nunca gostou da Medicina e escolheu ser médico para ganhar dinheiro que lhe desse sustento digno para que pudesse suportar seu sonho de seguir uma carreira musical. E isso é apenas um exemplo das “variações” nas escolhas das profissões.

Então, a primeira coisa que tenho a falar sobre a prostituição é a seguinte: acredito que haja pessoas que a fazem bem, seja por amor, por vocação, ou por necessidade. A segunda é que, obviamente, se trata de uma “profissão de risco”, como várias outras que encontramos por aí. Será que é mais ou menos arriscada que um instalador de cabos elétricos em redes de alta tensão? Será que é mais ou menos insalubre que um limpador de fossas e bueiros? Não sei. Acho que depende do modo de ver de quem a exerce. A terceira é que, definitivamente, é uma profissão. E acredito ser muito digna.

Eu queria discorrer várias “estorinhas” sobre putos e putas que conheci nos últimos tempos, mas decidi abolir essa parte para preservar a identidade da “putada”. Isso porque os detalhes de suas vidas ficariam expostos e seriam facilmente reconhecidos. Falar de defeitos, de falhas no comportamento humano num blog é uma coisa; falar da “prostituição alheia” é outra completamente diferente.

Mas o ferrão do escorpião é como o machado de Xangô: nunca se cansam em espalhar as verdades pelo mundo. Por conta dessa “minha natureza” decidi fazer um “pout-pourri” de fatores que façam com que as pessoas levantem as orelhas da desconfiança sobre a “prostitutividade” de alguém. Sim, porque, se de um lado não tem nada de mais o trabalho prostitutivo, é um direito do cônjuge saber “de onde vem o dinheiro” para ter a opção de escolher se aceita ou não continuar com aquela pessoa.

Então, leitores, deixo aí uma coletânea de razões para você acreditar ou desconfiar que seu namorado ou namorada está metido nesse “negócio”....

1- Quando ele (a) apresenta uma profissão “tradicional” e tradicionalmente simples e, em contrapartida, seu padrão de vida, suas aquisições, gostos, automóvel, moradia não são compatíveis com o tradicional salário da tradicional profissão. Vocês já viram alguma faxineira dirigindo Audi por aí?

2- Com mil perdões aos profissionais sérios e competentes dos ramos abaixo, mas pessoas que se dizem esteticistas, massagistas, terapeutas corporais, “modelos e atrizes tentando a vida em São Paulo”, entre outros, podem muitas vezes ser automaticamente traduzidos pela profissão em discussão nessa postagem. Se de um lado isso pode naturalmente traduzir um preconceito com tais profissões, a vivencia prática indica que muitas vezes essas são as “profissões alegadas” mais comuns para disfarçar a verdadeira. Algum garoto de programa chegaria na imobiliária para alugar apartamento dizendo, na lata: “Olha, eu sou GP e quero alugar o apê tal”?

3- Quando o cônjuge dá muitos “perdidos”, dizendo, principalmente após um telefonema no celular, que teve um “imprevisto” e tem que “dar uma saída”, principalmente em horários inusitados, como fim do dia ou no meio da noite. Isso porque garotos e garotas do “meio” podem ser chamados a qualquer hora para exercerem seus “atributos”...

4- Se você encontrar fotos do seu “amorzinho” em sites interativos, como Facebook, Orkut e, muito mais grave, em sites de encontros e de relacionamento e as fotos forem extremamente produzidas, tipo “foto de estúdio” ou se você encontrar fotos pornográficas e/ou em posições comprometedoras, filmes caseiros nesses sites, principalmente se o “amorzinho” alegar que foi alguém, geralmente um “ex” que resolveu se vingar....

5- Se o seu “amorzinho” aparece constantemente trocando moedas estrangeiras, sobretudo dólares e euros e seu trabalho não for fonte de arrecadação dessas moedas... Principalmente se, em noites anteriores, foi visto por conhecidos caminhando, de madruga, pelos “muros do Dante” ou dançando no “Love Story”...

Enfim, se ficar aqui tecendo possibilidades, não acabo mais é nunca. De qualquer forma, aceito sugestões. Definitivamente, não tenho nada contra a prostituição, nem acho impossível que um cônjuge não-cafetão aceite de bom grado estar casado com um “profissional do sexo”.

AMOR INCONDICIONAL, SÓ DEUS E OLHE LÁ!


Tinha um professor de física no colegial que se chamava Isaac. Embora detestasse Física, conseguia “engolir” a física que ele ensinava, porque vinha com trilha sonora. Sim, ele cantava... e muito melhor do que ensinava Física. Lembrei-me dele porque foi da boca dele que ouvi, pela primeira vez, falar de amor incondicional.

Um dia ele disse que nos amava. Todos os alunos ficaram espantados e ele disse que existiam três formas de amor: o Phileos, que consistia no amor entre amigos, irmãos; o Eros, ou o amor carnal e o Ágape, ou amor incondicional. Eu não lembro qual era o amor que ele declarou sentir, mas acho que foi esse último. Como havia esquecido a palavra usada para o amor incondicional, fui ao Google® para reavivar minha memória e achei mais um tipo, chamado Storge, que significa amor entre familiares.

E por que é que decidi falar de amor incondicional? É porque não acredito que exista, exceto se for vindo de Deus. Faz tempo que penso e acredito nisso, mas resolvi escrever porque acho que tem um monte de gente que necessita saber disso. Simplesmente porque as culturas hipócritas ensinam, por exemplo, que todas as mães amam incondicionalmente seus filhos, todos eles, em iguais proporções e, dessa asneira universal derivam jargões tolos, como “coração de mãe”.

Aliás, o cantor e compositor Vicente Celestino compôs uma música chamada “Coração Materno”, que exemplifica a “potência” desse suposto amor incondicional:

“Disse um campônio à sua amada:
"Minha idolatrada, diga o que quer

Por ti vou matar, vou roubar,
Embora tristezas me causes mulher

Provar quero eu que te quero,
venero teus olhos, teu corpo, e teu ser

Mas diga, tua ordem espero,
por ti não importa matar ou morrer"

E ela disse ao campônio, a brincar:
"Se é verdade tua louca paixão

Parte já e pra mim vá buscar
de tua mãe inteiro o coração"

E a correr o campônio partiu,
como um raio na estrada sumiu

E sua amada qual louca ficou,
a chorar na estrada tombou

Chega à choupana o campônio

Encontra a mãezinha ajoelhada a rezar

Rasga-lhe o peito o demônio

Tombando a velhinha aos pés do altar

Tira do peito sangrando
da velha mãezinha o pobre coração

E volta à correr proclamando:
"Vitória, vitória, tens minha paixão"

Mas em meio da estrada caiu,
e na queda uma perna partiu

E à distância saltou-lhe da mão
sobre a terra o pobre coração

Nesse instante uma voz ecoou:
"Magoou-se, pobre filho meu?

Vem buscar-me filho, aqui estou,
vem buscar-me que ainda sou teu!"

Realmente é um belo exemplo de uma inexplicável resiliência e resignação dessa mãe, cujo coração é roubado pelo próprio filho e, ainda assim, coloca-se à disposição para a realização do desejo dele. Eros vence Ágape. A história é bonita, a música maravilhosa. Mas a realidade costuma ser bem outra. É mais comum que as mães “arranquem o coração sangrando, com as próprias mãos, para mostrar aos filhos o quanto estão sofrendo por terem sido abandonadas, trocadas por sirigaitas”. “Ágape” geralmente vence Eros. Creio que o termo “amor incondicional” foi interpretado erroneamente. Ele se traduz pela obrigação incondicional, inquestionável, indiscutível de amarmos os “superiores”, sejam Deus, mães ou mães, exatamente como reza a Bíblia Sagrada: “Amai a Deus sobre todas as coisas”.

Mas na sociedade, a interpretação é bem inversa. Dizem que as mães, de fato, amam incondicionalmente. Até lembrei do seriado “Família Dinossauro”, que era exibido nos “familiais” domingos pela Rede Globo. Aparentemente ingênuo, revelava as hipocrisias cotidianas através dos conflitos de uma família de Dinossauros humanóides.

Baby, o “raspinha de tacho” da família, perguntava para sua mãe:
“Você me ama?”
E ela respondia:
“Estou tentando”
E ele, nervosamente, retrucava:
“Você TEM que me amar!”

Acho que a paixão pode ser incondicional. Justamente por ser cega, carregada de ímpeto, energia, impulso, descontrole, desmedidas; ela sim, é incondicional. Quando nos apaixonamos por alguém, por um lugar, por uma coisa, por uma idéia, somos de tal modo sequestrados e enfeitiçados por esse objeto de desejo que realmente amamos incondicionalmente. Tal e qual Sonrisal®, cessa a “espuma”, a efervescência desaparece e com ela, a incondicionalidade.

É claro que posso estar errado. Outro dia disse a um amigo, do qual sou fiel conselheiro, que tinha o direito de errar “de vez em quando”. Disse a ele: “se eu fosse perfeito, seria Deus, e não apenas filho dele”. Disse isso quando expressei minha opinião a ele, dizendo que ele não estava verdadeiramente apaixonado pela tal pessoa, simplesmente porque via defeitos nela. A paixão é incapaz de enxergar defeitos.

Será que quando amamos alguém e ao mesmo tempo somos capazes de enxergar e tolerar seus erros, defeitos ou deficiências, estamos amando incondicionalmente? Não sei ao certo. Para mim, por mais que possamos aceitar as limitações do outro, DEVEMOS ter consciência de alguns limites, já que é impossível tolerar tudo. E isso já configura uma CONDIÇÃO. E havendo condições, não existe incondicionalidade.

É claro que existem mães que amam incondicionalmente seus filhos. Mas não todas. É claro que existem amantes que amam incondicionalmente seus cônjuges. Mas não todos e nem por todo o tempo.

Tuesday, September 08, 2009

FESTAS, FESTEIROS, FESTIVOS, FESTÃO, FEZES...MERDA!


Tenho ido a algumas festinhas domiciliares ultimamente. Já fiz várias delas em minha casa, com boa comida, bons amigos, boa música. Cheguei a contratar DJ para animar algumas delas. Essa preferência por festas desse tipo surgiu porque estava “empapuçado” do vuco-vuco das casas noturnas, com suas filas, suas aglomerações, seus preços abusivos. Sempre gostei muito de dançar, de curtir a noite, tomar uns drinks, sair com os amigos. Mas toda aquela “função” que envolve saídas noturnas foi me cansando.

Acho que foi nesse momento que passei a fazer pequenas noitadas em minha casa ou na casa de outros amigos. Até “globo de discoteca” cheguei a comprar para animar os eventos... E por um tempo foi legal, mas à medida que foi crescendo o “público”, cresceram as fofocas, as competições e a desagradável necessidade de suportar o convidado do convidado que veio curtir a boca-livre. E de repente vi minha casa transformada em boate, como todos os seus inconvenientes.

Não foi uma decisão consciente, mas à medida que essas festinhas foram perdendo o sentido, “encolhi” mais o menu: passei a organizar jantares para pequenos grupos de pessoas. Minha fama de bom cozinheiro e anfitrião se alastrou e, de repente também me vi “integrado” numa rede de amigos com jantares, almoços, happy-hours e after-hours integrados. Conheci gente legal, fiz excelentes contatos, me diverti bastante... Infelizmente vejo o dilema se aproximando: à medida que a coisa vai ficando mais “séria”, vai crescendo o número de interessados e, com eles, ou dentro deles, os “chatonildos”... O amigo do amigo, a mãe do amigo, o periquito do amigo...uma gama de pessoas que acabamos sendo obrigados a engolir, porque, de novo, a proposta original sucumbiu às convenções e obrigações sociais.

Fica chato não convidar Ciclano. Se Ciclano vai, não posso deixar de convidar Fulano e Beltrano, porque eles vão ficar chateados. E assim vai se formando uma “rede de amigos dos amigos” e o resultado é o mesmo que ir a uma balada: uma grande aglomeração. A diferença é que, na balada, não somos obrigados a cumprimentar todo mundo, a dar risada de piadas sem graça e nem a distribuir beijinhos de Judas. Além disso, percebi o seguinte: precisamos da balada vez ou outra. Essa aglomeração, essa impessoalidade, essa energia contagiante da música, da bebida, do ambiente “promíscuo” serve para lavar nossa alma de vez em quando.

Mas não quero ficar falando das baladas. Daí veio à minha mente uma música do Culture Club, na voz de Boy George, “Make mistake number three”. Não sei se cometi o “erro número três” ou se cometi pela terceira vez consecutiva o mesmo erro. Talvez tenha até errado muito mais vezes do que isso, porque há tempos tenho frequentado essas festinhas domiciliares...

É das últimas três que desejo falar. Até porque elas aconteceram no intervalo de uma semana apenas. Inacreditável. Todos os que me conhecem, ao menos lendo meus escritos nesse blog, têm ao menos uma breve noção da minha “acidez”. Sou sarcástico sim, sou irônico sim, sou ardiloso muitas vezes e, graças aos meus “dotes” com a escrita, tenho grande facilidade em exercer meus “predicados”... Mas quem é que não destila um veneninho em festas, recepções, comemorações? A diferença é que as pessoas não falam tanto ou, falam menos. A diferença é que não são sinceras. Por diversas vezes me deparei com situações onde fui, naturalmente, o porta-voz de situações que muitos consideravam desagradáveis ou inaceitáveis, mas ninguém tinha coragem de revelar. O problema é que eu revelo a minha insatisfação e os outros vêm comigo.

Isso não é novo em minha vida. Isso sempre aconteceu, desde minha tenra idade. Será que isso acontece porque sou filho de Xangô, o Deus da justiça, e não consigo observar passivamente os acontecimentos? Ou será porque sou do signo de Escorpião e adoro distribuir veneno e ferroadas por onde passo, por se tratar da minha essência? Ou será porque meus pais sempre foram tão agressivos e repressores que sinto necessidade de extravasar minha fúria? Talvez qualquer coisa disso, talvez um pouco de cada coisa.

Será que eu tenho que mudar? Será que tenho que aprender a suportar calado, como a maioria das pessoas faz? Devo abaixar a cabeça às contrariedades e simplesmente tolerar o que não gosto e não concordo? Ou devo me isolar completamente?

A resposta está nas baladas. Acho que vou mergulhar no mundo dos bares e boates pra me divertir. Pelo menos só pagarei a minha própria conta.

E pra vocês....

“Make mistake number three”
(Culture Club)
You can't bystand all the people
Stand them on their own
They will fall to pieces
So we watch them grow

Into strange and pretty faces
I don't know
Clutching to my lipstick traces
Watch them go

And make Mistake Number Three
make Mistake Number Three
make Mistake Number Three
make Mistake Number Three
(Mistake Number Three)

It's strange how much it changes
How they want to know
How cynical are people
That's where children go

Dragged into a conversation
They can't hold
Its so sad but it prepares them
For the mould

They make Mistake Number Three yeah
make Mistake Number Three
make Mistake Number Three yeah
They make Mistake Number Three
(Mistake Number.....)

Why is my love like an ocean run dry?
And why is my love such a struggle with life?

You can't bystand all the people
Stand them on their own
They will fall to pieces
So we watch them go

Make Mistake Number Three yeah
make Mistake Number Three
make Mistake Number Three yeah
They make Mistake Number Three
Making Mistakes
Oooooh yeh
Mistake Number 3
Thats Mistake Number Three
Mistakes you made, mistakes you made, mistakes you made with me
Mistake…