Blog do Doutor Fofinho

"Tudo começou há algum tempo atrás na Ilha do Sol..." Há muitos anos eu montei esse blog, dando o nome "Le Cul du Tabou", inspirado por uma amiga, para falar sobre o tabu das coisas. Ganhei muitos seguidores, mas desde 2018 não escrevi mais nele. Estou retomando, agora com novo nome, o "Blog do Doutor Fofinho", muito mais a minha cara, minha identidade. Sejam bem vindos.

Thursday, December 31, 2009

TIA TURCA


Outro dia contei algumas histórias sobre minha Tia Laila, e acho que resolvi falar dela como uma forma de matar as saudades e também porque a mensagem embutida era “vamos cuidar dessa bagunça”.

Eu acho que a “bagunça” da vida está bem mais ordem agora e hoje resolvi falar de outra tia, a Tia Turca. Não ela não era turca e nem descendente dos árabes, armênios ou libaneses que chamamos de turcos. Mas foi a forma que arrumei de remeter a história à pessoa, sem dizer seu nome.

Lembrei dela ao iniciar os preparativos para o jantar de Ano Novo. Vou assar um pato, recém decapitado, recheado com arroz, castanhas e frutas, acompanhado de ciboulettes e batatas escuras. E enquanto picava os ingredientes, preparava a marinada e organizava tudo, lembrei dela, porque pensei em “ordem”. Sim, ordem, controle, simetrias, coleções, arquivos. Tia Turca é uma das pessoas mais obsessivas que já conheci.

Minha mãe dizia que Tia Turca tinha mania de guardar coisas porque passou muita miséria quando era criança. Mas sua irmã Vivi passou pelas mesmas agruras e ainda joga tudo fora. Acho que os hábitos de Tia Turca podem ter sido influenciados pelos anos de miséria, mas creio que a obra maior se deva aos genes de meu avô.

Sim, meu avô foi um homem fantástico e produziu coisas fantásticas. Mas creio que “desviou” todo o seu talento para as grandes realizações profissionais, e esqueceu de cuidar um pouco da família, deixando seus genes atuarem livremente. Somado a isso, era um homem com várias características obsessivas. Lembro-me quando ele ia ao supermercado e tinha uma lista enorme, escrita a mão, com todos os produtos que sistematicamente comprava e, antes de iniciar a compra propriamente dita, percorria todo o mercado anotando o preço dos concorrentes e só então decidia pelos produtos. Não é preciso dizer que uma compra levava três a quatro horas a mais do que uma compra normal.

E minha Tia, sendo a filha mais velha, mais exemplar e mais edipianamente influenciada, tratou de “caprichar” na similaridade dos comportamentos.

Como toda pessoa obsessiva, Tia Turca gostava de guardar. E entre seus “guardados”, alguns deles são realmente memoráveis, como todas as faquinhas de Bolo Pullmann®, todas as colheres do sabão em pó Skip®, todos os chaveiros da Turma da Bardahl®, todos os potes de margarina, todas revistas Veja desde 1968, todas as canecas de quentão, vinho quente e chopp de todas as festas ocorridas e muito mais!!!

Ela também colecionava receitas. Recortava todas as receitas de todos os jornais e revistas que lia, colava em um caderno, enumerava e enunciava cada uma delas. Nem sei quantos cadernos possuía, mas comumente, se alguém comentava algo como “eu queria aprender a fazer compota de morangos selvagens”, ela respondia “devo ter essa receita guardada em algum lugar”. Passadas algumas semanas, ela aparecia com a receita transcrita, enumerada, enunciada e com bibliografia citada. Algo assim: “Compota de morangos selvagens, Receita n.o 3745, Folha da Tarde, 23 de fevereiro de 1967”. Sem falar que possuía uma letra maravilhosa.

Lembro que, quando ia na casa dela, sentávamos na mesa para tomar lanche e, cada vez que alguém terminava de passar manteiga no pão, ela pegava um guardanapo e passava lentamente nas bordas do pote e alinhava toda a manteiga com a faca.

Ela tinha outro hábito estranho: toda roupa nova que comprava, descosturava e costurava novamente, à mão, sempre dizendo que “as costuras de máquina eram muito fracas”. O resultado era previsível: as costuras das roupas incomodavam tanto, de tão de grossas, que muitas das roupas eram impossíveis de se usar.

Tia Turca também tinha mania de venenos e naftalinas. Tudo em sua casa era regado a naftalinas e, em todos os rodapés de sua casa, pelo menos duas “faixas” de veneno eram distinguíveis: o branco, destinado às baratas, e o azul, destinado aos ratos. Não que houvessem tantos ratos e baratas por lá, mas era sempre uma precaução. Os gatos também tinham seus “venenos”. Para evitar que dormissem em cima da máquina de lavar, ela colocava, todos os dias montinhos de pimenta do reino sobre as cinco máquinas de lavar que possuía. Sim, ela possuía várias. Ao todo, somando com as máquinas da casa em São Paulo, da casa de praia e da casa de campo, deviam ser umas dez.

Mas suas manias não eram só defeitos. “Embutidas” nessas manias, estavam várias atitudes generosas conosco, como dar as roupas “recosturadas”, abastecer nossas listas de material escolar todos os anos, porque já tinha tudo guardado e sempre oferecer maravilhosas iguarias que preparava, pois cozinhava muito bem. Não que cozinhasse sempre. Sua ida à cozinha envolvia tantos detalhes e preparativos, que acabava constituindo um evento raro. Lembro de uma vez que fui à sua casa e lá estava ela, com um lenço amarrado na cabeça, debruçada na pia, cortando milimetricamente azeitonas e outros temperos para fazer um azeite temperado.

E, apesar de possuir todo tipo de roupa para todas ocasiões, usava sempre a mesma: uma blusa amarela manchada de alvejante, uma calça Adidas® azul com as listras brancas despencando pelo caminho. Essa foi a roupa que durou mais tempo em seu corpo. Mas havia também a saia jeans com uma camiseta branca. As sandálias Havaianas® eram sempre as mesmas.

Faz alguns anos que não a vejo. Hoje, esses dias, essa semana, tenho me lembrado de pessoas que vejo pouco, quase não vejo ou que mesmo não vejo mais. Eu não sei por quantos anos mais Tia Turca continuará viva. Mas escrever sobre ela me fez recordar, fez com que sentisse saudades e deixou a certeza de que os anos podem passar, mas ela é uma dessas pessoas que ficará viva em minha mente e em meu coração.

Tuesday, December 29, 2009

ELEMENTAR, MEU CARO WATSON!



Sim, há vários casos “elementares”: Batman&Robin; Yves Saint-Laurent e Pierre Bergé; Elizabeth Bishop e Lota de Macedo Soares; Robert Wright e George Forrest; Leonardo da Vinci e Giacomo Caprotti; Ellen Degeneres e Portia de Rossi; Melissa Etheridge e Julie Cypher; Cary Grant e Randolph Scott; O Rei Edward II e o Príncipe Piers Gaveston; Sir Lawrence Olivier e
Danny Kaye; Harvey Milk e Joseph Scott Smith; Rock Hudson; Oscar Wilde; Paul Verlaine e Artur Rimbaud; Frederico Garcia Lorca; Martina Lavratilova e Rita Mae Brown; Sir Elton John e David Furnish; Jodie Foster e Cydney Bernard; Freddy Mercury, George Michael e muitos outros.

Mas estive pensando em vários outros que “são” ou “foram” gays e a História escondeu, por razões históricas, econômicas, turísticas ou políticas, como um “tal” prefeito de um “tal” grande cidade brasileira, ou uma “tal” cantora brasileira que, mesmo tendo uma namorada e circulando com ela por aí, viu-se “forçada” a dizer que, como Renato Russo, gostava de “meninos e
meninas”. Não que as pessoas devam ser obrigadas a “confessar” suas preferências sexuais. Não, ninguém deve ser arrancado à força do armário, embora cada pessoa, sobretudo as “notáveis” que se “revelam”, aplaina o caminho de outras.

Infelizmente, ainda vivemos uma época na qual ser “gay”, vende menos discos, ganha menos votos, vende menos revistas e jornais, exceto quando o assunto é um escândalo. E, lendo revistas gays mundo afora, descubro diversas personalidades atuais e históricas gays ocultas.

James Dean, por exemplo. Alguém já havia ouvido falar que ele era gay? Um ícone sexual e de rebeldia, passou vários anos de sua vida ao lado de Robert Altman, que publicou, recentemente, suas memórias ao lado do intratável Rebelde.

Espantados? Tem mais: Carlos Gardel, ícone do tango argentino, embora fosse uruguaio, passou a sua vida inteira ao lado de seu companheiro, o qual, infelizmente, Mr. Google não me permitiu revelar....

E como tudo tem um começo, esse meu pensamento começou de um sonho que tive essa noite, acerca de alguém que se encontrava no armário. Infelizmente não posso dar nomes aos bois, porque isso dá processo...

Mas, misturado ao sonho, acho que ficou a frustração de ainda não ter conseguido assistir ao filme “Sherlock Holmes”, que ostenta como dupla, nada mais nada menos, Jude Law e Robert Doney Jr. Muita fila, muitos turistas, muito frio. Fórmula perfeita pra me fazer desistir de qualquer filme em qualquer cinema. Mas como disse à minha amiga, mesmo que o filme não
seja bom, ver os dois mocinhos se aventurando em pancadarias e, dizem, destilarem um certo clima “homo” pelo ar, já paga muito o filme....

E por falar em casos elementares, esse ano Batman&Robin completam 70 anos de existência, e a dupla homo-dinâmica cai finalmente no tão desejado “Domínio Público”... Pra que não sabe existem várias referências à homossexualidade de Batman, desde os primeiros quadrinhos....
Vejam esses comentários num fórum sobre HQ:
















“Sorry Larry, as any hard-core DC comic collector knows, Batman has flirted with homosexuality on three different occasions:
Detective Comics #43, Sept 1940: Batman's new affiliation with Robin sparks a flashback to Wayne's youth when he attended the Gotham Academy for Boys. He and four other boys, with the aid of large rubber bands and a jar of cold cream, explore their sexuality. Many collectors believe that one of the boys was Harry Dent. (See DC #52).
World's Finest Comics #18, May 1956: Batman becomes fixated on seeing Superman naked and his proposition is cruelly rejected.
Batman #44, Nov 1968: Batman infiltrates a communist worker's organization but is exposed by the Green Arrow, who sympathizes with their cause. Forced to ingest LSD and rum, Batman generally acts silly and is totally out of it during an orgy. (I can't believe nobody took pictures!)
Of course, I won't even mention the plots of several issues of the Dark Night Returns as it borders on alternate reality, anyway.”
(Posted by: Fred X. Quimby | Aug 19, 2005 8:32:10 AM. http://blog.stayfreemagazine.org/2005/08/gay_batman.html)

Gay ou não, tenho certeza que se tornou “naturalmente” um ícone para mundo gays de cerca de 7 gerações… Até George Clooney, em tempos de Brokeback Montain, ao ser questionado se faria um papel gay no cinema, afirmou já ter feito o seu: “Batman”.

E como sonhar não paga nada, “bon voyage” aos que se aventurarem pelos braços fortes de Law e Doney Jr….

Saturday, December 19, 2009

VOLTEI A ACREDITAR EM "PAPAI NIEL"


Meu sobrinho de três anos disse, no dia do seu aniversário: “Meu avô é meu pai”. Engraçado ouvir essa frase tão minha na boca dele. Meu avô foi o primeiro e mais importante pai que tive. Não é justo dizer que foi o único, porque alguns “pais emprestados” cruzaram o meu caminho por todos esses anos, dando carinho, compreensão, abraços, luz. Ainda assim, Armando Adriano Niel, meu avô, é o mais importante de todos. Pelo menos os terrenos.

Ser “tio” e “padrinho” fez brotar em mim um sentimento de paternidade e de responsabilidade sobre a mente, a formação, os caminhos, o futuro desses meninos. Também aqueceu o meu coração e fez olhar o mundo de uma forma mais colorida. Meu mundo não é mais o mundo cinza de outrora, mas as cores ficaram bem mais vivas quando Pedro e Felipe chegaram.

Ontem eu estava na casa de uma grande amiga. Não faz muito tempo que a conheço, mas é daquelas amigas que sabemos que são realmente grandes quando encontramos. Assim foi com algumas outras amigas e amigos que apareceram. Podem ir embora, podem estar longe, mas estão sempre dentro. Fazem parte de mim como meu braço, meus olhos, minha boca. Estávamos cantando e uma pequenina lágrima brotou e rolou ao dizer “Como é grande o meu amor por você” e lembrar que era assim que fazia minha irmã dormir.

E nos últimos dias, uma chuva de amor de abateu sobre mim. Lavou meu coração, limpou minhas mágoas, iluminou os túneis sombrios da minha alma. Não sei se foram as velas que acendi, não sei se foram os girassóis, o ouro ou o perfume. Também não sei se foi o tempo. Mas o fato é que, de poucos dias pra cá, meu coração amoleceu e se adoçou. Talvez Mamãe Oxum tenha finalmente conseguido lavar esse meu coraçãozinho avariado.

Nessas últimas semanas, o Natal também reservou outras surpresas. Sempre ganhei muitos presentes dos meus pacientes, mas nesse dezembro, os presentes mais belos, acompanhados ou não de sacolas e pacotes, foram as declarações de amor que recebi deles. Parei para pensar no quanto os contratempos, as ameaças, os insultos me fragilizam. E daí surgiu a dúvida: quanto mais forte um insulto pode ser que uma palavra carregada de amor? Quanto poder a violência deve ter perante o amor? Perguntando e respondendo a mim mesmo, descobri que não existe nada mais forte, mais poderoso e perene que o amor.

Lavado, limpo, menos impuro, o meu coração não fez apenas amar aqueles que já amo tanto. Sim, fez isso também, mas fez eu parar pra pensar nas pessoas que julgava haver parado de amar e odiado até. Consangüíneos ou não, bastardos ou não, eles fazem parte de mim, são outro braço, pernas, unhas, pêlos de mim, porque fazem parte da história da minha vida. Negar sua existência é me tornar um pouco aleijado. Sempre tive unhas encravadas nos dedões dos pés e sofro com elas até hoje. Nem por isso deixei de cuidar delas. Nem por isso arranquei-as dos meus dedos.

Olhando para os enfeites de Natal que me causavam tantos arrepios e brotoejas, sempre lembro que o Papai Noel nunca foi muito bom comigo. E é imensamente verdade que o gosto pelo Natal e inversamente proporcional aos desgostos no Natal. As brigas, as decepções com os presentes errados, as intrigas, tudo isso transformou o “meu” Papai Noel numa espécie de ladrão que, ao invés de deixar presentes, chegava de saco vazio e levava tudo embora. Inclusive a alegria.

Mas, com esse banho de amor que recebi, resolvi fazer as pazes de vez com o Natal e elejo como símbolo, o melhor Papai Noel de todos: o meu avô, o Papai Niel. E com ele, aceito a árvore, que é símbolo da vida, aceitos os presentes que a vida tem me dado e tentarei enxergar as pedras apenas como pedras e não mais como monstros. Porque são pedras sim, pedras do meu caminho e que, de algum modo, seja como calço ou obstáculo, contribuíram para que eu chegasse ao que sou hoje.

Tuesday, December 01, 2009

ASPETTA UM ATIMO


Sim, minha vida tem sido boa. Tenho saúde, amor, amigos, dinheiro. Viagens, paisagens, paragens, pastagens. Tenho colecionado boas recordações para levar para a Eternidade. Outro dia me lembrei do filme japonês “Depois da Vida”, do diretor Wandafuru Raifu, de 1998. Nele, as pessoas recém-falecidas eram levadas a um “hotel espiritual” e ficavam lá até encontrarem uma imagem, uma lembrança de suas vidas que seria levada para a eternidade. Na época, não gostei do filme. E acho que não gostei porque, mesmo tendo algumas poucas lembranças, estava todo enlameado de coisas e pessoas, tão afundado em areia movediça, que não era capaz nem de acessar a parte boa do meu “hard-disk”. Só sobrava a hard-life.

Hoje sei que gosto do filme. Porque me sinto tão desafogado da lama, porque hoje ela é capaz, no máximo, de sujar meus pés. E daí, acho que teria dificuldade de escolher uma única boa lembrança, não pela ausência delas, mas pelo excesso. Teria que espremer, afunilar, classificar em ordem de importância. Não. Não precisaria de nada disso. Eu sei que escolheria levar para a eternidade a imagem daquele momento que significou, num contexto amplo, o rito de passagem, a abertura das portas para uma existência feliz. Eu levaria a primeira troca de olhares que tive com o amor da minha vida.

Naquele dia, em maio de 2003, no Xingu (não a tribo, a boate), foi o momento em que eu vi, como se fosse um cometa ou uma estrela-cadente riscando o céu, que o trem da Felicidade estava passando, rápido, e que deveria pular nele. Tinha que subir no trem. E eu respirei fundo, superei meus medos, minha timidez e pulei. E é desse momento em diante que acredito haver um marco de Felicidade. Foi nessa troca de olhares e sorrisos que vi o mundo sorrindo pra mim.

Quando comecei a escrever hoje, dei o nome de “aspetta um atimo” (“espere um minuto”, em italiano), porque ouvi essa frase nesse final de semana. Ia satirizar coisas e pessoas, ia destilar um pouco daquele veneninho tão escorpiano. Mas quando olhei pro pedacinho de texto que havia escrito, desgostei, não vi sentido no que ia dizer, não vi nenhuma utilidade. Mas a frase, “aspetta um atimo”, italianamente forte, sonora, cortante, fez com que eu refletisse sobre os átimos que deixamos transcorrer, que se esvaem pelos nossos dedos e não damos conta. Pensei que não devemos desperdiçar um minuto sequer, sobretudo pensando em pessoas ou fazendo coisas que não nos servem de nada. Porque como disse “Raulzito”, na música “Trem das 7”, esse trem pode ser o último.

Agora, se eu pudesse levar a minha caixinha, com vários momentos da minha vida, para a Eternidade, daí seriam incontáveis. E já disse deles várias vezes e é também por isso que escolhi esse que mencionei: todas essas experiências, que guardamos conosco, podem ser sonoras, gustativas, olfativas, táteis. Mas é a visão, é a imagem que fica. Um cheiro pode ficar guardado na memória e ser evocado vez ou outra, principalmente quando sentimos o “tal” cheiro por aí; mas é a imagem que fica guardada na mente. É ela, com seus cheiros, com seus toques e barulhos. Mas é o ato, o movimento, a fotografia que vira arquivo em nosso computadorzinho existencial. Foi por isso, além da beleza peculiar, que escolhi guardar um olhar, sobretudo um olhar cheio de alegria, paixão e desejo. Um olhar sedento de vida.