Blog do Doutor Fofinho

"Tudo começou há algum tempo atrás na Ilha do Sol..." Há muitos anos eu montei esse blog, dando o nome "Le Cul du Tabou", inspirado por uma amiga, para falar sobre o tabu das coisas. Ganhei muitos seguidores, mas desde 2018 não escrevi mais nele. Estou retomando, agora com novo nome, o "Blog do Doutor Fofinho", muito mais a minha cara, minha identidade. Sejam bem vindos.

Thursday, October 28, 2010

FORTALEZA, CONGRESSOS E DILMA.


Estou em Fortaleza para um Congresso. Congresso Brasileiro de Psiquiatria. A cada ano que passa, ele fica mais chato, mais decadente e mais fraco cientificamente. Acabo participando todo ano, porque somos “obrigados” a ganhar pontos para manter válido um titulo de especialista. Esse ano quis realmente vir para fazer uma prova e também porque era em Fortaleza. Ainda não conhecia essa cidade maravilhosa.

Uma amiga me deu essa semana a melhor definição de congresso médico: é a Intermed de Médico. A Intermed é uma competição que ocorre entre faculdades de medicina e funciona da mesma forma que funcionam os congressos. A maioria das pessoas finge que vai jogar ou assistir os jogos, mas está indo curtir, se divertir. No congresso a mesma coisa e configura a desculpa lícita para enforcar uma semaninha fora do período de férias oficiais. Muita gente tem dispensa dos trabalhos e, nos consultórios, fica muito charmoso explicar que se está num congresso.

É claro que tem gente que assiste mesmo a palestras, mesas redondas e conferências o dia todo. Tenho um amigo que foi comigo a um congresso em Praga e tive que obrigá-lo a faltar um dia no congresso para conhecer a cidade.

Eu já assumo a vagabundagem: congresso, na praia, em outubro? Faço como todos os outros: meio período. Quando fui a Salvador, era praia de manhã, congresso de tarde e balada à noite. Como estou hospedado num lugar um pouco afastado da cidade aqui em Fortaleza, decidi inverter os turnos. Congresso de manhã, praia, praia e mais praia de tarde. Quer dizer: praia, piscina, piscina com ondas... Um mix de prazeres aquáticos. E ainda sobra um tênue espacinho para uma ginastiquinha.

Uma amiga perguntou no Facebook quantas aulas ela precisava assistir para fingir que estava no congresso. Na prática não precisa assistir nada. É só chegar, tomar um café nos stands dos laboratórios, cumprimenta uma meia dúzia de pessoas, e vai embora de fininho. Quando alguém comentar: “Onde você estava? Eu não te achei em lugar nenhum!”, você diz que estava na aula da especialidade que essa pessoa não curte. E pronto.

E na porta de entrada do Centro de Convenções, um show de horrores. Vi muita gente feia. Vi gente bonita também, mas eram espigas no cafezal. A maioria eram feias e cafonas. Triste fim dos psiquiatras. Já tenho notado isso há vários anos. Os dermatologistas sim, que se cuidam. Congresso de Dermato é um chiquê. Agora a psiquiatria tem muitos daqueles pós-ripongos encaixotados, então você encontra coroas de batas e mulheres de vestidos hippies e flor no cabelo. Agora outra coisa de vestuário em congresso me entristece: ternos. Principalmente em cenários litorâneos. Tudo bem que tem gente elegante, mas tem cabimento vestir terno preto com gravata vermelha no verão de Fortaleza?

Eu sempre tive um sonho: me tornar presidente da ABP para decretar uma lei. Ordenarei que todos os congressos sejam feitos em capitais litorâneas do Rio de Janeiro para cima. Já me perguntaram sobre Floripa: eu disse que a cidade é linda, mas tudo fica muito afastado e chove muito. Isso quebra o clima. Mas na minha hipomania praiana, cheio de energia de sol e de banhos de mar, decidi que não quero mais ser presidente da ABP. Quero ser presidente do Brasil. Sim, porque, se qualquer idiota pode, por que eu não poderia?

Eu tenho vários projetos BIZARROS para minha plataforma eleitoral, mas é segredo. O único que eu me permito contar é a transformação dos estados brasileiros. Eu explico: vou redimensionar todos os estados que serão divididos em faixas horizontais ao longo do país. Desse modo, todos os Estados terão litoral e todas as capitais serão obrigatoriamente localizadas no litoral do pais. Daí não preciso baixar a lei na ABP, porque todo ano vai ser numa capital diferente e LITORÂNEA! E ainda vai ser um marco na queda do preconceito entre regiões. Imagina só: é perfeitamente possível que Rio e São Paulo se tornem um único estado, eliminando a rincha entre aos mesmos! Idem para Belém e Manaus e por aí vai....

Mas ontem, na porta do Centro de Convenções, com aquele calor insuportável e um sol tentador, pensamentos terríveis vieram à minha cabeça. Acho que os congressos deveriam ser feitos apenas na parte da manhã, para poder aproveitar o resto do dia. Sim, corro um grave risco de me tornar um ditador cruel. Daí eu vou querer fazer com que todos os congressos sejam feitos em cidades pacatas, vazias, tediosas ( as quais não cabe citar aqui, para ser politicamente correto) e daí todo mundo vai ser obrigado a ficar o dia todo no congresso, contribuindo para uma medicina melhor....

Essa mistura toda veio à minha mente quando estava indo hoje de táxi ao centro da cidade comprar bugigangas. Preso no trânsito, ouvindo Mastruz com leite, Reginaldo Rossi, Frank Aguiar, interrompidos pelo discurso da Dilma e por alguns gingles forrozentos do Serra. Uma revolta imensa. O que a Dilma ou o Serra farão para que tenhamos melhores e mais proveitosos congressos? Nada!

Mas assim caminham os psiquiatras. De congresso em congresso, vamos conhecendo o Brasil, encontrando velhos amigos e falando mal dos velhos inimigos. Bares, jantares, baladas, praias, piscinas e umas aulinhas e conferências uma hora ou outra para passar o tempo.... E lá vamos nós, em 2011 para o Rio de Janeiro e Buenos Aires!

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