Blog do Doutor Fofinho

"Tudo começou há algum tempo atrás na Ilha do Sol..." Há muitos anos eu montei esse blog, dando o nome "Le Cul du Tabou", inspirado por uma amiga, para falar sobre o tabu das coisas. Ganhei muitos seguidores, mas desde 2018 não escrevi mais nele. Estou retomando, agora com novo nome, o "Blog do Doutor Fofinho", muito mais a minha cara, minha identidade. Sejam bem vindos.

Wednesday, April 23, 2014

CARENTES DE EMOÇÃO

Vídeo incrível, impossível não chorar. Cena emocionante, você vai morrer de tanto chorar. Momento incrível quando a gorila de quarenta anos descobre que seu gato de estimação morreu atropelado. Incrível cena de africano bebendo água pela primeira vez. Irmãos se emocionam ao se reencontrarem depois de terem sido separados a vida inteira. Imperdível. Casal comemora 78 anos de casamento. Jibóia se emociona ao perceber que engoliu a própria filha. Esses são os temais mais recorrentes nas Timelines do Facebook atualmente. 

Tá certo, muitos desses vídeos são mesmo emocionantes, até chorei ao assistir alguns deles. Mas tenho percebido que eles são cada vez mais frequentes e compartilhados, como se a humanidade precisasse produzir emoções em ambiente virtual. 

Nas grandes cidades, somos cada vez mais trancafiados e forçados a adentrar o mundo cibernético. O medo da violência, a violência de fato, que nos impede de abrir os vidros para sentir o vento na cara, de sentar numa mesa da calçada, de caminhar pelo bairro durante a noite. A escalada dos preços que torna o divertimento cada vez mais caro a cada dia. 

Tudo que se inventa é rapidamente transformado em consumo. Nem tinha notado até ouvir da boca de um amigo como ir ao cinema e assistir os filmes da mostra X ou os filmes que concorrem ao Oscar, se tornaram uma corrida tão consumista quanto as famosas liquidações de Nova Iorque. Mais do que assistir, o cinema hoje é uma grande competição consumista dos quantos filmes você conseguiu ver no menor tempo possível.

Cinemas cheios, corrida por lugares até na internet, fazem muitas pessoas desistirem da telona e se confinarem ainda mais nos recursos que a internet e a TV a cabo podem oferecer sem sair de casa. 

Seja por esse ou por uma tonelada de outros motivos, somos cada vez mais capturados pela tela de computador e pelos seus recursos. E nas redes sociais, encontramos, batemos papo, falamos bobagens. Tem gente que faz sexo, namora, faz happy hour. Discussões políticas, correntes religiosas, trocas de ofensas, traições. Tudo ocorre dentro de uma rede social e, de repente, a vida virtual fica chata, tediosa. 

Nesse mundo que hoje mescla virtual e real, há carência de afeto. Por mais que sejamos cooptados por diversas emoções na rede, faltam encontros verdadeiros, abraços, beijos, cheiros e olhares. Mesmo que possamos conversar por Skypes, Facetimes, MSNs e tantos outros comunicadores, não há magia de amor, não há magnetismo real neles. 

É pra isso que servem os vídeos aos quais me refiro. São para irrigar as emoções, antes que fiquem áridas, plásticas. Antes que o coração seja sequestrado pela artificialidade dessa internet devoradora de afetos, antes de deixemos de produzir lágrimas evolutivamente porque deixaram de ser necessárias. 

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