TEMPO DE CANTAR E DE GRITAR
Faz tempo que não escrevo aqui. Me sentia
um pouco culpado por não dar conta de alimentar esse “filho” e também de deixar
de prover a leitura sadia tão elogiada por tanta gente. Há quase 8 anos que o
“Le Cul du Tabou” tem divertido e emocionado pessoas, impulsionado sobretudo
pelo acesso de muitos amigos através do Facebook. Meus fiéis seguidores não
ficaram exatamente famintos: eles puderam se fartar em outros canais, como o
Pau Pra Qualquer Obra e A Cozinha do Doutor Fofinho. Mas eu senti essa culpa de
pai-mãe por não nutrir meu blog.
Hoje resolvi escrever porque estou feliz.
Infelizmente tive que trilhar um longo percurso nesses últimos meses que me
torturaram de alguma forma e me causaram algum grau de infelicidade, de
insatisfação. Não estou falando da conhecida tristeza que sentia nos dias
passados, tampouco das preocupações e aflições que nos atingem no cotidiano;
estou falando daquelas coisas chatas como disse Elis, “a ponta de um torturante
band-aid no calcanhar...”; coisas que lutamos, perseguimos, desejamos e jamais
se realizam. Fiquei triste por um
lado, porque abandonar, deixar partir esse “problema” significou de um certo
modo abandonar um (certo) sonho, um (certo) projeto. Fiquei triste, porque tive
que me conscientizar que certos sonhos e projetos são construídos tortos, ou
que a estrada para atingí-los é tão perigosa que jamais chegaremos. Tive que
dizer a mim mesmo o que digo a tantas pessoas naquela pequena sala “encantada”
do meu consultório: perdoar é deixar partir.
E hoje resolvi escrever porque deixei
partir. Melhor: joguei fora mesmo. Amassei um papel que significou uma
libertação. Um papel que significaria uma entrada, uma tentativa de entrada ao
menos. Amassado, significou um assunto encerrado.
A intuição muda me assombrava. Perturbou
meu sono, me fez taciturno e não disse uma palavra. Mas hoje ela se vestiu de
mulher e me disse o que estava pensando. Simples e rápido. Usou a boca de uma
amiga para me dizer que eu estava perdendo tempo nesse negócio e iluminou meu
corredor escuro.
Eu sou grato à minha amiga que deu voz à
minha intuição. E sou grato a ela por ter sido generosa e prática,
principalmente por dizer, sem rodeios, de forma simples e fácil, o que sentia e
pensava. Cada vez mais eu admiro pessoas que dizem que o pensam e sentem. Sem
rodeios, sem “salamaleques”. Do mesmo modo, quero, não odiar, mas ficar bem
longe de gente que não se mostra. Gente que, como os “Anomymous”, faz ou finge
que faz um monte de coisas e não mostra a cara.
Cada vez menos eu penso que devam existir
lugares e situações em que não se deve mostrar a cara ou deixar de dizer o que
se pensa. Reservo o silêncio apenas a quem não vale a pena.
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