“NÃO APRENDI DIZER ADEUS”
Ave Maria, tire essa música brega da minha
cabeça. Pra quem não sabe, “Não aprendi dizer adeus” é uma música brego-country
cantada por Leandro&Leonardo e ela não está saindo da minha cabeça. Mas eu
entendo o motivo. Tenho refletido em como é difícil dizer adeus, simplesmente
porque não aprendemos. Pelo menos eu não aprendi.
Todos os dias vejo pessoas com o mesmo tipo
de problema: como é difícil tomar a decisão de ir embora, de sair de algo, de
um lugar, de uma situação ou de uma relação que não desejamos mais ter, estar
ou viver. É difícil sair, é difícil ir embora, principalmente quando, ao menos
aparentemente, não há motivos para isso, senão o legítimo desejo. Então fica
bem mais fácil tomar essa atitude quando odiamos, quando sentimos raiva, quando
brigamos e nos desentendemos; e muitas vezes criamos tais situações para que
sejamos “expulsos” ou que funcionem como uma “mola propulsora” para tomar a
decisão.
E isso quase sempre não é bom. Porque se
saímos desse jeito, criamos mágoas, feridas, inimizades, rompemos brutalmente
pela simples dificuldade que temos de dizer adeus. Transferimos para o outro a
responsabilidade, culpamos o outro pelo nosso infortúnio e pela razão da nossa
saída. As pessoas fazem isso em empregos, cursos, relacionamentos. É
aparentemente mais fácil “pular de barco” se pensamos que ele está afundando do
que simplesmente encarar que nós não estamos curtindo a viagem.
Eu digo que não aprendi a dizer adeus
porque, em diversas situações, saí “brigado” ou “decepcionado” com lugares,
coisas, pessoas, empregos e templos. Mas acho que aprendi a lição. Essa semana
tomei a decisão de deixar um lugar, um grupo de pessoas, um atividade. E
resolvi sair da melhor e mais difícil forma: de cabeça erguida e assumindo que não
existia nenhum problema com o lugar, com as pessoas. O problema estava em mim.
Era a insatisfação do meu coração, os desejos da minha alma que estavam em
outro lugar. Chorei, me emocionei, perdi o sono. Mas consegui. E algumas
pessoas perguntaram: vai para outro lugar? Está nos trocando? Seria mais fácil
se a resposta fosse afirmativa. Seria mais fácil ter um outro barco para pular,
uma ilha para atracar, mas não.
Outro dia soube de uma amiga que tomou essa
atitude em relação ao seu casamento. “Estava tudo bem aparentemente, a gente se
dava muito bem, mas percebi que nos tornamos amigos.” Ela se sentia culpada por
“destruir uma família”; muitas pessoas a julgaram pela atitude, pelo aparente
mal que estaria fazendo a seu filho. Ela veio se aconselhar comigo e eu apoiei
a decisão. Quanto ao filho, é lógico que ele sentiria alguma insegurança, mas
expliquei a ela que a única coisa que a criança precisa é de carinho, amor e
informação “verdadeira”. Muitas vezes poupamos as crianças achando que elas não
entendem o que se passa; elas ficam aflitas, ansiosas, inseguras. É então que
começam a apresentar problemas na escola, na vida, ficam doentes. Elas adoecem
por medo, por insegurança. Quando vamos explicando a ela, passo a passo o que está acontecendo, mostrando que
estamos presentes, com carinho e amor, ela se sentirá segura e sofrerá muito
menos.
Mas Deus! Como é difícil assumir a
responsabilidade da própria vida. Somos acostumados a culpar o outro, mesmo que
seja uma obsessão espiritual. Outro dia conversei com uma amiga que acabara de
levar um “pé” do namorado. Veio me procurar porque achava que tinham feito
“macumba” para ele ir embora e
ficou decepcionada ao ouvir da minha boca que eu não achava que era isso, mas
sim que ele havia terminado pelo simples desejo de terminar, porque não estava
feliz naquela relação, porque o amor tem data de validade. Acho que se ela tivesse uma adaga
naquele momento, enfiava no meu olho.
O complicado é não haver fórmula. É ter que
dizer dizendo. É ter que encarar o fantasma de frente. O resultado para a alma
é fascinante. Claro, às vezes somos cobrados; às vezes o outro nos culpa pela
infelicidade que estamos causando nele com a nossa decisão. Mas nós não somos
responsáveis pelo outro. E eu realmente creio que é melhor deixar alguém
infeliz do que ambos. Pense nisso.
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