AS VOLTAS RAPIDINHAS QUE O MUNDO DÁ

O mundo anda tão complicado! Todo mundo com pressa, tudo tem que andar tão rápido...Onde é que isso vai parar? Não sei onde vai dar, só sei dizer que não pode parar...
Apenas nós podemos e devemos dar uma paradinha de vez em quando. E nem é preciso tirar férias. Porque muita gente tira férias, gasta uma grana e não aproveita nada. Estou acostumado a encontrar pessoas estressadas em lugares paradisíacos. Reclamam da comida, da demora nos restaurantes, maltratam pessoas à sua volta, exibindo o titulo honorífico de “Turista”.
E na verdade podemos parar em qualquer lugar, em qualquer momento. Uma noite dessas estava na Avenida Paulista. Um caos. Tudo parado. Gente buzinando. Quase uma hora para andar umas três quadras. Mas, no meio de um monte de prédios e construções, de repente vejo a lua cheia. E ela me fez parar. Parar de pensar. Parar de me preocupar com as coisas do cotidiano. Esquecer do trânsito. Fiquei lá, namorando a Lua por incontáveis minutos e pensando na beleza da vida. Nem sei quanto tempo fiquei lá, só sei que os carros à frente andaram e um monte de gente buzinou. Xingou. Mas nem me importei. Engatei primeira e saí andando devagar, como um avozinho numa brasília azul-calcinha.
E nesse final de semana aproveitei o resto da gripe para ficar super parado. Mal saí de casa. Cozinhei, assisti filmes, reli coisas que havia escrito, fiquei curtindo esse “nada” tão gostoso. Acho que essa gripe, apesar das inconveniências de ficar doente, me deu um presente. Na correria dos dias, fui “forçado” a me dar essa “paradinha” de presente.
É lógico que preferia estar parado em Paris ou New York, mas quando não fazemos, a vida faz por nós. E agora, insone, final de domingo, fico pensando nas maravilhosas paradas que tive nesses últimos tempos. Quando estou em New York, gosto de caminhar no Parque Fort Tryon, em Washington Heights, um bairro de Manhatan distante da região central.
O FortTryon é um parque montanhoso que fica às margens do Rio Hudson. E numa dia desses em que caminhava por ele, resolvi dar uma passada em seu ponto mais alto, de onde dá para ver todo o bairro e várias outras partes da cidade. Olhei tudo aquilo, toda aquela imensidão, aquelas bandeiras hasteadas e fui invadido por um sentimento de felicidade. Há anos que me sinto uma pessoa feliz, realizada, apesar dos problemas. Mas essa sensação de “invasão” da felicidade, de êxito, de êxtase, não ocorre todo o tempo. Mas isso estava acontecendo naquele exato instante.
Acredito que pode acontecer em momentos em que coisas importantes em nossas vidas estão acontecendo, em celebrações, em momentos de fortes emoções, mas muitas vezes o “barulho” do momento pode ofuscar essa sensação em nossa intimidade.
E é nesses momentos de silêncio, praticamente meditativo, que podemos encontrar a intensidade e a importância dessa felicidade. Seja olhando a lua, à beira do mar, aos pés de uma cachoeira, do alto da Torre Eiffel ou dentro de uma igreja, todos nós somos capazes de encontrar esse momento. Também não existe a exigência de ser em algum “lugar especial”. Pode acontecer em qualquer lugar. Porque o lugar realmente especial que essa coisa acontece é dentro do coração.
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