THE BUCETA'S FRONTAL® EXPERIENCE
Era uma vez três bucetas. Perdoem-me, caros
leitores, mas não há melhor palavra para utilizar. Na verdade eram quatro. Mas
falarei de apenas três, porque a quarta não aceitou participar da experiência.
E as outras amigas decidiram respeitar sua decisão.

Já Tongued P. era ansiosa. Mudanças
rápidas, situações de perda de controle, problemas. Todo tipo de turbulência,
sobretudo as aéreas, tiravam Tongued P. do sério. E a taquicardia gritava. Quem
pode imaginar uma buceta com taquicardia? O pior é que existe! Um belo dia,
Fluffy apresentou as maravilhas da farmacologia a Tongued. Já era tempo de
acabar com essa ansiedade. Tongued suportou tranquilamente as intermináveis
horas de vôo que tanto lhe causavam sofrimento. E nem sinal de taquicardia!
Suffocated P. tinha um misto de ansiedade
com curiosidade por estados alterados de consciência. Mesmo antes de conhecer
Fluffy, já era dada a sessões de anti-histamínicos e toda a sorte de
mind-liberating stuffs. Mas quando conheceu o Frontal®, pirou….
E num belo feriado, as quatro bucetas
viajaram juntas. Curtiram pacas, deram muitas risadas e, no final da viagem, a
ansiedade invadiu a mente das pobres bucetas. Era quase 1 da manhã e Fluffy
navegava pela internet quando o telefone da sua suíte tocou: era Suffocated.
“Tem Frontal aí? Tongued está muito ansiosa”. Fluffy deu dois comprimidos a ela
e, Tongued, ao invés de tomar meio, tomou um inteiro. Suffocated, intrigada com
o início da “viagem” de Tongued, mandou o outro goela abaixo. E lá se foram
elas, viajando por lugares nunca dantes navegados, bucetas frontalizadas….
No dia seguinte, tudo parecia diferente.
Acordaram dispostas, coradinhas, e Tongued, habitualmente ansiosa, se
encontrava letárgica, distante. Nem se incomodou ao ver na TV, antes de saírem
para o aeroporto, que haviam interditado o aeroporto por uma ameaça de bomba.
Para ela, era como ou ouvir que Lula tinha apenas nove dedos. No surprise at
all. Chegando no aeroporto, Tongued and Suffocated esticaram suas mãozinhas em
busca das violet tic-tacs. Imediatamente Fluffy lhes forneceu as violet
tic-tacs com o Miosan® (a cor deste comprimido não vem ao caso porque
simplesmente não tem graça!). Mal decolou o avião, as duas já estavam babando.
Black P. também, porque babava rapidamente mesmo sem nenhum comprimido, que
inveja! Fluffy permanecia acordada porque adotara todo um ritual para tomar
suas pílulas: elas eram tomadas no início do (eca!) jantar para que garantissem
seu sono tranquilo durante a viagem. Por sorte, porque quando olhou para
Tongued and Suffocated, as duas babavam, chapadas, com as cabeças penduradas.
Quel dommage! Fluffy saiu de sua poltrona para ajeitar as bucetas desmaiadas…
Enfim, the Frontal® Experience chegou ao
fim. Quatro bucetas felizes chegaram ao seu destino, graças ao poder das
pílulas. As violet tic-tacs, sobretudo. E qual o tabu nisso? É o tabu do medo.
Medo de fazermos uso de subsídios que nos tragam a felicidade a curto prazo,
como comprimidos que possam nos fazer dormir melhor. É claro que devemos ter
cuidado ao fazermos uso indiscriminado deles. Mas para mim é muito claro também
que devemos pensar sobre seus benefícios. Até mesmo Freud, o pai da
psicanálise, disse algo salutar sobre isso: “Um dia haverá comprimidos que
resolvam os problemas e o sofrimento das pessoas, mas até agora a psicanálise é
o melhor arsenal de que dispomos”. Freud, que usou muita cocaína e amargou a
culpa de ter matado seu amigo ao fornecer-lhe cocaína para “tratar” sua
dependência de ópio, tinha uma noção visceral do poder da farmacologia.
Nem todos são como Black P., uma buceta
semi-deusa, parente direta de Morfeu e Hypnos… basta um leve balancinho que a
faz mergulhar em profundo sono…e cujo efeito das violet tic-tacs poderia ser
dias ininterruptos de coma… Nem todas as bucetas são assim…
Embora Frontal® seja um nome magnético,
enigmático, não podia deixar de confessar minha dúvida quanto à nômina correta
para essa intimate-rave: o nome americano para a droga é Xanax®…. tudo a ver
com as bucetas…
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