O TESOURO DE MARCO FELICIANO
Há cerca de duas semanas, o assunto em
pauta no Brasil foi praticamente um só: as cretinices de Marco Feliciano. Marco Feliciano suplantou as mortes de
Hugo Chávez e de Chorão, a eleição do Papa e as enchentes na cidade e o ciclista
que teve seu braço brutalmente decepado por um cretino que se tornará psicólogo
(Será que ele será lembrado como o cretino bêbado que decepou um braço e jogou
no rio quando atender seus pacientes?). Charges, passeatas, rebeldias, revolta.
Acho tudo muito válido. Eu mesmo ainda estou indignado e envergonhado com a
eleição desse cretino para um cargo tão importante, mesmo que esse cargo
importante tenha feito, de fato, muito pouco pelas minorias. Posso até apostar
que a maioria das pessoas nem sabia da existência ou da serventia da tal
Comissão.
Tenho muita vergonha do que está
acontecendo em nosso país, mas tenho muito mais medo que vergonha. Já disse que
tenho medo desse levante evangélico guerreiro, falso-moralista e agressivo.
Nazismo e Inquisição. O Neopentecostalismo pra mim é uma fusão desses dois.
Nisso tudo, fica uma preocupação embutida.
O que está acontecendo por debaixo dos tapetes do Governo Federal enquanto
brilha o Feliciano? Fico imaginando o que nossos amados bandidos... ops... políticos
estão fazendo enquanto gritamos pela queda do Feliciano. Rifando mais um pedaço da Amazônia?
Fornecendo concessões eternas de exploração e desmatamento a alguma empresa
estrangeira? Aprovando licitações espúrias de pontes estaiadas caríssimas? E as
licitações da Copa? Em quinze dias dá pra rifar um monte de coisa no Brasil. A
falcatrua é tão descarada que acho que nem passa por debaixo dos tapetes.
Eu nunca fui muito ligado em política.
Sempre achei um assunto chato para caramba. Mas a coisa vem mudando nos últimos
anos na minha cabeça e hoje percebo que esse desinteresse é a apenas o reflexo
de uma alienação familiar. Sim, sou filho de ignorantes letrados. Se, de um
lado, meu interesse pelos assuntos que dizem respeito à cidadania vem
aumentando, nenhum partido e nenhum político foi capaz de me convencer a
acreditar neles.
Eu já fui iludido algumas poucas vezes; já fui levado a não
anular o meu voto e presentear algum desses cretinos que foram eleitos e
fizeram a mesma coisa que todos fazem: roubo, descaso, pilantragem, acordos
vergonhosos e negação das promessas anteriores. Meu voto não é secreto; é
sagrado. E de tão sagrado, não cabe nas urnas desse pais ridículo. Sou
sinceramente a favor do voto nulo como expressão de uma identidade política. Voto
nulo é igual sexo anal e dedada: tem um monte de gente que faz e não conta.
E o que faremos quando o Brasil virar um
Terceiro Reich Neopentecostal? Só restará a conversão ou o aeroporto.
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