Blog do Doutor Fofinho

"Tudo começou há algum tempo atrás na Ilha do Sol..." Há muitos anos eu montei esse blog, dando o nome "Le Cul du Tabou", inspirado por uma amiga, para falar sobre o tabu das coisas. Ganhei muitos seguidores, mas desde 2018 não escrevi mais nele. Estou retomando, agora com novo nome, o "Blog do Doutor Fofinho", muito mais a minha cara, minha identidade. Sejam bem vindos.

Monday, March 28, 2011

RIDICULARIDADE INTRÍNSECA

"Duro é tentar ser pop e fazer papel de ridículo. Melhor cultivar a ridicularidade intrínseca."

Faz alguns dias, postei essa frase no Facebook. Já falei várias vezes do quanto estou farto da histeria que não paga consulta, que entra na vida da gente sem pedir licença e caga nas nossas cabeças. Estou farto é das pessoas ridículas.

O pior de tudo é quando uma pessoa ridícula vira pop. Suzanas Vieiras, Gretchens, Tiriricas e tantos outros exemplos que apenas substituem os nomes que não posso dizer, por questões absolutamente éticas.

Tive um dia de cão. Tive uma noite de cão. Acabei me cansando de tentar ser manso e compreensivo e queria ter conseguido escrever coisas amorosas, mas falhei. Estou destilado de um azedume inexpurgável. E ainda, como se não bastassem as imbecilidades próprias do mundo e da vida, e digo da nossa própria vida, somos quase que obrigados a compartilhar com a imbecilidade alheia por todos os lados.

Todo mundo tem seu lado ridículo. Eu já gostei de música sertaneja, já dancei lambada, já escutei Sandy&Júnior (e ainda escuto...) Leio revistas de fofocas na podóloga, assisto vídeos cafonas no Youtube. Faço piadas sem graça às vezes e junto moedas de um centavo que encontro pelas ruas de New York. Esses são pedaços da minha ridicularidade intrínseca. Isso é uma parte de mim que vem com um monte de outras partes e muitas delas podem ser muito legais.

E não há quem não tenha. Outro dia acordei ouvindo música sertaneja. Em plena Manhattan. Pode? Sei lá, acho que pode. E simplesmente ocorreu. Outro dia cantei "Escrito nas Estrelas", imitando a voz da Tetê Espíndola, num karaokê. Ridículo, mas fez sucesso. E por quê? Porque foi espontâneo, original e sincero. Esse pedaço cafona de mim que aparece de vez em quando e diverte festas e eventos. E posso até fazer coisas ridículas que façam sucesso, mas que alimentem minha alma precisada de coisas ridículas num dado instante.

Mas o ridículo que não vem da alma, fantasiado de pop é um ridículo horrível. É igual mulher que não aprendeu a andar de salto alto e insiste nas agulhas altíssimas e sai caminhando como uma pata choca. Ou aquela que bota uma microssaia e fica o tempo todo puxando asaia para baixo. Ou quando o homem coloca uma gravata num casamento e não abotoa a gola para não ficar desconfortável. Ou gente que impina o dedo indicador quando segura um copo. É charmoso e pitoresco apenas nos filmes. E ponto.

Minha amiga me contou outro dia sobre formas diferentes de dizer a mesma coisa. Podemos dizer que a maçã é vermelha e lustrosa de uma forma simplesmente descritiva, purista. Feito natureza morta. Mas podemos dizer a mesma coisa olhando para ela, com luxúria, arregalando os olhos e deslizando as mãos sobre suas curvas. E a maçã vira pecado. E podemos dizer da maçã com grande ênfase e alegria, exaltando, com sorriso agudo estampado o quando a maçã tem essas características. Essa é a maçã do amor vendida no circo pelo próprio palhaço. É o pop.

"Ó,Deus, onde chegaremos nesse mundo de coisas ridículas anti-naturais?"

"Na rua da amargura." responde qualquer ente de bom senso.

1 Comments:

Anonymous NeyMaria said...

HUUMMM...sua veia para crônicas (seria isto?...) é boa demais! A gente
vai seguindo, sendo levado por uma palavrinha depois da outra, frases, periodos...hum...mas acaba na rua da amargura!Posso ser chata? Eu discordaria dizendo que a amargura, sim, está pelas ruas, mas não por conta do ridículo, o ridículo é inconsciente de si mesmo, logo ingênuo, logo criança...logo,muito bom para a saúde!O intelecto,este é o que produz critérios, categorias e faz escolhas...e se amargura ante o que lhe é diferente...hummm, acho que acordei hoje meio metida a besta...coisas de meu passado de filósofa...e me puz a ensinar o padre-nosso ao vigário! Mea culpa, mea maxima culpa! Todavia, mesmo discordando, lhe quero muitíssimo "Bene".

10:57 AM PDT  

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