Blog do Doutor Fofinho

"Tudo começou há algum tempo atrás na Ilha do Sol..." Há muitos anos eu montei esse blog, dando o nome "Le Cul du Tabou", inspirado por uma amiga, para falar sobre o tabu das coisas. Ganhei muitos seguidores, mas desde 2018 não escrevi mais nele. Estou retomando, agora com novo nome, o "Blog do Doutor Fofinho", muito mais a minha cara, minha identidade. Sejam bem vindos.

Sunday, October 23, 2011

LISTA DE PRESENTES.


É, está chegando mais um aniversário. Trinta e oito anos. Pelo que tenho visto esse ainda não é o número de “parada de contagem” entre os homens. Acho que esse é o caso do 39. Um ano antes do quarenta. É aí que a coisa parece que pega. Mas acho que isso não vai acontecer comigo. Simplesmente porque não tenho mais nada a esconder.

Não escondo mais a barba sob os cortes diários das lâminas; cansei de esconder a barriga e de pentear o cabelo de um jeito que esconda a calvície. Ando ainda mais cansado de ocultar as coisas que penso, as minhas opiniões sobre as coisas e as pessoas e, ao invés de me envergonhar, ando cada vez mais orgulhoso de ser assim. Um dia desses, recebi a mensagem de um amigo, após uma viagem, dizendo: “És maneírissimo, paciente e muito doido. Fala o quer e quando quer!”. É isso. O cara sabe quem eu sou. E não fez diferença pra ele. Também cansei de esconder as podres pérolas dos assuntos de família. Quem me conhece, sabe de onde eu vim, quem são e como são meus pais, onde eu morei, as dificuldades pelas quais passei.

Tem um outro motivo pelo qual não vou diminuir minha idade ou “parar” de envelhecer: a cada ano que passa, eu sou mais feliz. Isso não quer dizer que tenho tido uma vida sem problemas. Pelo contrário, tive vários. Resolvi alguns, pendurei outros, fugi de outros mais. Mas eles existem e sempre vão existir. Mas na “balancinha”, posso dizer que tive mais alegrias do que tristezas e a cada ano me sinto mais satisfeito. Isso também não quer dizer que era necessariamente infeliz antes; eu só era muito menos feliz. Digo isso porque nesse domingo maravilhoso, ao lado das minhas duas irmãs – a de sangue e a do peito, do meu sobrinho, do meu amor e de grandes amigos em minha casa, parei pra pensar no quanto a vida é boa, no quanto sou grato a Deus pelas dádivas da vida e no quanto muitas vezes nos queixamos de coisas secundárias, menores, pobres. E esse arrebatamento de alegria me fez pensar em alguns dos presentes – sejam eles materiais ou imateriais -que ganhei nesses trinta e oito anos de vida, e fiquei com vontade de dividi-los aqui com vocês. Perdoem-me minha atemporalidade, mas as lembranças estão guardadas num quarto de memórias, sem estantes ou arquivos. Pego-as conforme as encontro, mais ou menos empoeiradas.

O primeiro presente que tenho a lembrança de ter ganho foi o Pierre. Um cachorro de pelúcia, com boina e colete xadrez, bonachão como eu. Ganhei-o da minha tia Wilma. Pierre me acompanhou durante muitos anos. Dormiu comigo, chorei abraçado com ele. Desapareceu lá pelos meus vinte e oito anos. Acho que foi roubado numa mudança de casa.

Eu me lembro no Natal de 1979. Um dos poucos em que eu ganhei exatamente o que havia pedido aos meus pais. Foi nesse Natal que ganhei a minha Caloi azul deles, e foi com ela que consegui abandonar as rodinhas e correr alegre pelos paralelepípedos de Peruíbe. Nesse mesmo ano eu ganhei um forte apache da minha madrinha Lilian, um presente muito desejado e esperado.

Em 1980 veio um dos maiores presentes da minha vida: minha irmã Luciana. O legal de ganhar uma irmã como ela de presente é poder receber, ao longo dos anos, vários outros presentes. E eu me lembro de dois: a sua formatura, em 2007 e o nascimento de meu sobrinho Felipe, em 2009. Esse eu vi nascer e estou vendo crescer, se desenvolver.

E por falar em sobrinhos, em 2006 nasceu o Pedrinho, meu primeiro sobrinho. Lembro de ter ido à maternidade em seu segundo dia e vida. Ele, embrulhado num xale cor de abóbora, o mesmo xale com o qual eu havia saído da maternidade, despertou em mim um sentimento de amor enorme, incondicional.

Minha tia Lilian me deu vários presentes. Talvez o maior presente tenha sido ter ficado sempre por perto, sempre amiga, protetora. Mas ela me deu duas coisas que foram fundamentais para os meus primeiros passos na estrada “mística”: um pêndulo e um medidor de aura. Ela também me deu um livro lindo, a biografia do Charles Chaplin, que me acompanhou por vários anos nessa vida.

Em 2003, Deus me deu um presentão. Foi nesse ano que encontrei o amor da minha vida. E, igualzinho aos bambus da felicidade que cultivo aqui em casa, esse amor cresce a cada dia. Esse amor me deu vários presentes, mas o maior deles ainda tem sido estar ao meu lado como sempre esteve, desde o começo.

Se não me falha a memória, em 2008 comemorei meu aniversário com coisas da Bahia. Foi um presente que resolvi me dar e que significou, ao mesmo tempo, a minha gratidão à Bahia por existir em minha vida. E foi nesse aniversário que ganhei dois presentes que encheram de emoção os meus olhos: um VHS com a gravação do programa “Inside de Actors Studio”, especialmente gravado em Paris, com a participação da Juliette Binoche e o DVD da minissérie “Desejo”.

Durante toda a minha vida, encontrei várias amigas que tiveram espaços muito importantes em momentos diferentes. Algumas desapareceram; outras vão e voltam e nos vemos vez ou outra; outras continuam por perto. Mas o mais importante é que, independente do “status”, da presença ou da ausência, foram e serão pessoas muito importantes que morarão sempre no meu coração. Não vou falar seus nomes para não despertar ciúmes em outras grandes amigas. Quero apenas lamentar a grande falta que uma delas me faz e dizer que o lugarzinho que ela ocupa em meu coração continua bem aqui, paradinho, sem lugar para outra pessoa.

E por falar em amigas, tenho que confessar. Confessar o que, se todo mundo já sabe...Minha amiga Alessandra, que tem estado tão pertinho todos esses anos, que me deu tanto apoio, palavras, carinhos; mas de tudo o que ganhei dela, tenho que ressaltar um presente lindo: uma gaiola balinesa e, dentro dela, um cartãozinho que dizia: “Essa gaiola é de guardar, não de prender”. E essa gaiola é o símbolo dessa amizade gostosa que tanto tem me feito bem.

Eu poderia passar dias escrevendo sobre os presentes maravilhosos que eu ganhei de Deus e dos homens. Eu não me cansaria, mas com certeza deixaria vocês bem cansados, porque o presente é de quem recebe, muito embora possamos compartilhá-lo.

E é isso que eu quis dar a vocês: compartilhar alguns dos presentes da minha vida.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home