SE MEU PUFE FALASSE
Era
uma vez Glossy. Glossy Pussy. Exuberante. Glamorosa. Não é à toa que muita
gente não simpatiza com Glossy P. logo de cara, porque seu ar “blasé” confere
uma aura quase intransponível ao seu redor. Mas quem paga pra ver, quem ousa esperar
por conhecê-la, acaba descobrindo uma criatura maravilhosa e fiel amiga.
É
lógico que Glossy P. é um apelido. Esse nome surgiu em homenagem aos seus
lábios carnudos e posudos. Seus lábios são a expressão mais completa e, ao
mesmo tempo, mais singela do seu todo. Lábios brilhantes, prontos a dizer tudo
e que, muitas vezes, não ousam dizer nada.
Teria
muito pra falar de Glossy P. Em outro momento contarei algumas de suas
aventuras e juro que muitas vezes não conseguirão ligar o nome à pessoa. É a faceta
camaleônica de Glossy P. Muitas histórias pra contar. Tem um pouco de Madonna,
à la Bedtime Stories, um pouco de Cher, à la This is the song for the lonelies.
Tem muito charme em um pouquinho de tudo. Mas tem um coração enorme, de uma
amiga sempre pronta a ajudar, tipo Mary Poppins....
Mas
hoje escolhi falar da casa de Glossy P. Estive lá poucas vezes, não porque não
somos amigos, mas porque nossos encontros são nas ruas. A rua é seu lugar.
Várias coisas mudaram desde que ela, já faz alguns anos, deixou a casa da
família para ter o seu “cantinho”. Móveis, cores de parede, camas, computador.
Só uma coisa permanece: o pufe preto na sala de estar. Desde os primeiros
tempos, quando o pufe era o único companheiro do rack, até os dias de hoje, ao
lado do sofá, da mesa de jantar e do divã. Sim, Glossy P. tem um divã de couro,
coberto com uma manta de chenille.
Mas o pufe está lá e imagino que se passarão anos e assim ele continuará.
Sendo
assim, a trajetória da Petite Maison de Glossy P. tem uma história. Mas o seu
pufe é realmente único, porque tem muita história para contar. Ele é testemunha
das inúmeras vezes que Glossy P. aconchegou-se para fofocar ao telefone; as
diversas “DRs” madrugada afora; infinitas vezes que amigos se consolaram em seu
colo esperando uma palavra amiga... e é claro, as manchas.....
Sim,
mais do que registros de palavras e calores “culares” (de cu, é lógico), as
manchas contam histórias. Manchas de gordura, do gigante pastel especial do
café da manhã de sábado, manchas de batom dos beijos incandescentes, manchas de
esmalte do sábado de tarde e manchas de sexo (de vários tipos).... Se o pufe de
Glossy falasse, com certeza gemeria muito. A faxineira de Glossy P. estranhou
no começo. Mas depois acostumou com aquele “mancharéu” e desenvolveu várias
técnicas para tirar as manchas todas.... Ficou um pouco asssustada com aquela
primeira, esbranquiçada e embaçada, que cheirava a cândida. Só conseguiu
entender aquela mancha ao tirar o lixo do banheiro e achar uma camisinha
“cheia”. “Hum...então é isso....” pensou. E tratou de fazer suas misturas para
remover aquelas marcas.
Fato
é que os pufes têm história e memória. Já pensou se todos os móveis, as camas,
os sofás, os bancos de carros resolvessem contar o que viram, o que ouvem, o
que sentem? Que barulho seria.... É claro que a memória deles está em nós e
evocamos essas memórias quando os olhamos. É por isso que espero que Glossy P.
tenha sempre bons momentos para recordar com o seu pufe. E que não o abandone
em favor do divã com manta chique. Acho que ele ficou enciumado. Até imaginei
ele cantando, enquanto admirava as pernas cruzadas de Glossy, do alto do
divã: “Só peço a você, um favor se puder..não me esqueça num canto
qualquer”
0 Comments:
Post a Comment
<< Home